A Ciclovia Tim Maia foi pensada para unificar trechos já existentes no Rio de Janeiro e criar outros que unissem as praias do Leme e Pontal. Porém, implicada em acidentes e licitações polêmicas, a ciclovia virou uma “dor de cabeça” para o governo do RJ.
A Ciclovia Tim Maia é uma ciclovia de 9 quilômetros de extensão que liga o Leblon à Barra da Tijuca na capital do Rio de Janeiro. Em um cenário paradisíaco, o novo trecho permitiria o trajeto de 35 quilômetros entre a Praia do Leme e a Praia do Pontal, por isso foi batizada de Tim Maia.
Inaugurada em 2016, a ciclovia custou R$ 44 milhões. Porém, desde então já houve quatro desabamentos, com duas mortes e outros feridos. O trecho mais crítico fica entre Vidigal e São Conrado, um elevado sujeito a ressaca e fortes ondas.
(Fonte: Prefeitura do Rio/Reprodução)
Em 2016, três meses após a inauguração, um trecho na altura do Castelinho desabou devido a fortes ondas, e duas pessoas morreram. Em 2018 e 2019, outros desabamentos foram registrados, além de um afundamento causado por tempestades.
Na época do acidente com mortes, o Ministério Público indiciou 16 pessoas. Foram investigadas as relações da empresa que realizou as obras com políticos locais.
Outro problema que a ciclovia enfrenta é o constante roubo de partes do guarda-corpo, feito de alumínio. Para enfrentar isso, a estrutura vem sendo substituída por um material igualmente resistente, mas sem valor comercial (barras de polímero reforçadas com fibra de vidro).
(Fonte: Marcos de Paula/Prefeitura do Rio/Reprodução)
Atualmente, o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) está realizando estudos para balizar um novo projeto de reforço de trechos com risco de desabamento. A licitação para a realização de obras será no começo de abril, e as renovações devem durar seis meses.
Enquanto isso, o trecho entre Leblon e São Conrado está interditado, e ciclistas se arriscam entrando na Avenida Niemeyer, uma das mais movimentadas do Rio de Janeiro. A prefeitura espera terminar as obras e montar um sistema de manutenção constante.
A Avenida Niemeyer também passa por constantes renovações em razão dos desgastes e dos deslocamentos das encostas gerados pelas ondas. O estudo do INPH mostrou que as ondas que derrubaram a ciclovia em 2016 atuaram com força capaz de movimentar 150 toneladas.
Apesar dos desafios para a ciclovia, especialistas e moradores defendem a recuperação dela. A faixa evita que ciclistas tenham que competir com o trânsito intenso na avenida. Além disso, é uma importante estrutura de mobilidade urbana e ativa, na qual já foram gastos milhões do dinheiro público.