Ícone do site Summit Mobilidade

Como a pandemia mudou o uso do transporte público?

A pandemia provocada pelo novo coronavírus trouxe impactos para diversas áreas das cidades, afetando principalmente a mobilidade das metrópoles. Segundo uma pesquisa, o uso do transporte coletivo diminuiu na América Latina, ao passo que a preferência por bicicletas e caminhadas aumentou. 

O estudo foi liderado pelo Centro de Excelência BRT com apoio do Instituto WRI Brasil. Ao todo, foram entrevistadas 5.924 pessoas em nove cidades latino-americanas: Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Bogotá, Buenos Aires, Lima, Quito e Santiago. 

A análise das cidades do Brasil identificou que os brasileiros passaram a optar menos por bicicleta e caminhadas na hora de fazer suas tarefas do dia a dia. No entanto, em cidades de países vizinhos, como Buenos Aires (Argentina) e Bogotá (Colômbia), a população passou a preferir essas formas alternativas de transporte para evitar a contaminação pela covid-19. 

Investimentos na infraestrutura das cidades

Bogotá tem diversos projetos de mobilidade inovadores. (Unsplash/Reprodução)

Uma das causas associadas à divergência do pensamento entre os latino-americanos pode estar ligada à própria infraestrutura das cidades, visto que a preferência por meios alternativos de deslocamento foram observados principalmente nos municípios que mais tiveram investimentos em mobilidade durante o período. 

Como exemplo, Bogotá, Buenos Aires, Lima e Quito viram seus números de pedestres e ciclistas crescerem em até 30% após decidirem construir ciclofaixas temporárias e implementar o alargamento das calçadas. 

Já as cidades brasileiras não tiveram esse mesmo incentivo, o que resultou na redução dos deslocamentos a pé quando comparados aos anos anteriores à pandemia. Em números, foram cerca de 41% a menos em Porto Alegre, 40% em São Paulo e 36% no Rio de Janeiro. 

Trabalho remoto reduziu números de usuários no transporte público

A adoção do trabalho remoto por diversas profissões foi uma das principais mudanças visualizadas no uso do transporte coletivo. Uma vez que parte da população não precisa se deslocar para desenvolver suas funções, os sistemas de transporte viram seus números de usuário caírem drasticamente. 

Em São Paulo, como exemplo, 82% dos participantes da pesquisa da cidade relataram que diminuíram a frequência no uso de metrô, trens e ônibus. Dentro desse número, 72% responderam que estão realizando a maior parte de suas atividades, como trabalho e estudo, de forma remota. 

Em comparação, Lima e Quito foram as cidades analisadas que menos aderiram ao home office, cerca de 39% e 33% respectivamente. Esses dados também podem ter sido um fator na preferência pelo uso de transporte alternativo nessas cidades.

O estudo ainda trouxe um olhar sobre a desigualdade dos centros urbanos. A amostra identificou que, em todas as cidades, a população mais vulnerável continuou realizando o trabalho de forma presencial, sendo continuamente exposta ao vírus da covid-19. 

Preocupação com a transmissão do vírus

O transporte público é visto por especialistas como um grande meio de disseminação da covid-19. (Metrô de São Paulo/Reprodução)

A preocupação com a contaminação pelo coronavírus também foi apontada pelos entrevistados como uma das principais causas na redução no uso do transporte coletivo. Nas nove cidades analisadas, mais de 60% responderam que estavam extremamente preocupados com a higiene no transporte público. 

Mesmo com diversas ações sendo realizadas pelas empresas, como redução no número de passageiros por veículos e disponibilização de álcool em gel, a pesquisa indica que a maior parte da população ainda não se sente preparada para utilizar esse meio de transporte. 

Enfim, nesse contexto, todos esses fatores estão influenciando a forma como os sistemas de transporte estão sendo pensados e administrados; portanto, isso deve impactar o futuro da mobilidade urbana de alguma forma. 

Fonte: Mobilize.

Sair da versão mobile