A qualidade do sistema de transporte coletivo depende bastante da qualidade dos veículos utilizados, do conforto que oferecem aos passageiros, bem como da quantidade de carros disponíveis — isso influencia diretamente no tempo que os passageiros esperam para o embarque.
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Além disso, os usuários precisam de locais adequados para aguardar a chegada dos ônibus, então os pontos precisam oferecer iluminação, segurança, proteção contra os efeitos do clima e informações sobre as linhas que passam pelo local.
A importância dos pontos de ônibus é atestada por análises da organização internacional World Resources Institute (WRI), que mantém o Grupo de Benchmarking Qualiônibus, com representantes de órgãos de transporte coletivo de diversas cidades do Brasil. Os especialistas do instituto analisam que os abrigos são o primeiro contato dos usuários com o sistema de transporte público, podendo influenciar positiva ou negativamente toda a experiência de viagem. A depender das condições do espaço, um minuto de espera pode parecer tão demorado quanto três minutos dentro de um carro.
Por isso, as cidades que fazem parte do Grupo estão compartilhando estratégias para requalificar seus pontos de ônibus, como parcerias com a iniciativa privada e criação de abrigos com arquitetura diferente.
O exemplo de Belo Horizonte
Para viabilizar as melhorias necessárias nos pontos de ônibus, a administração municipal da capital mineira adotou um modelo de concessão: uma empresa é responsável por implementar e manter os novos abrigos e pode vender espaços de publicidade nos locais, como contrapartida. A licitação ocorreu em 2016, e os primeiros pontos no novo modelo começaram a ser instalados no ano seguinte.
Novos pontos de ônibus de Belo Horizonte (MG) começaram a ser instalados em 2017
Os novos pontos de ônibus de Belo Horizonte (MG) têm cobertura mais ampla, além de maior proteção traseira e lateral contra vento e chuva. Mas a característica que mais parece fazer diferença para os usuários é o painel que transmite informações em tempo real sobre as linhas, com dados que são atualizados pela empresa de bilhetagem eletrônica do município.
Representantes de outras cidades do Grupo de Benchmarking Qualiônibus já visitaram BH com o objetivo de estudar o modelo e, possivelmente, replicá-lo. “O projeto tem dado certo e resultou na percepção de qualidade real pelas pessoas”, afirmou Eduardo Facio, Secretário de Transporte e Trânsito de Juiz de Fora (MG), ao instituto WRI Brasil. Fortaleza (CE), Recife (PE) e Uberlândia (MG) também se interessaram pela estratégia de concessões adotada na capital mineira.
Mudanças simples geram melhorias substanciais
Em Dubai (Emirados Árabes Unidos), onde as temperaturas frequentemente passam dos 40°C e acontecem muitas tempestades de areia, as paradas de ônibus são cabines de vidro totalmente fechadas, com ar-condicionado e painéis de energia solar para alimentá-las. Cingapura tem pontos de ônibus high-tech: há wi-figratuito, cabos para recarregar celulares, telas sensíveis ao toque para consultar informações e até um pequeno gramado no telhado.
Ponto de ônibus em Cingapura tem WiFi gratuito e gramado
Contudo, a construção de um ponto de ônibus eficiente não precisa, necessariamente, envolver tecnologia. Pelo menos é o que mostra o Guia de Design Urbano criado pela Associação Nacional de Transportes Urbanos dos Estados Unidos (Nacto, na sigla em inglês). O mais importante, segundo o material, é que as paradas de ônibus estejam bem localizadas: sem atrapalhar o fluxo de pessoas na calçada e com uma área adequada para abrigar os passageiros. Além disso, devem oferecer um ponto seguro de travessia, de preferência por trás dos veículos.
A existência de faixas exclusivas para ônibus, de modo que não precisem desviar do trânsito para pegar os passageiros no ponto, é outra questão apontada como crítica pelo guia. Nesse sentido, a Nacto recomenda que o embarque aconteça no mesmo nível, sem precisar subir escadas para entrar no veículo. Isso é possível tanto em ônibus com piso mais baixo quanto em plataformas elevadas de embarque. O segundo modelo é usado nas estações tubo de Curitiba (PR), por exemplo.
Outros elementos secundários podem oferecer mais conforto para os usuários do transporte coletivo: boas proteções contra sol, chuva e vento; painéis com informações sobre as linhas e os horários; e iluminação adequada para oferecer segurança. Nesses casos, observa-se que as intervenções são muito mais de ordem prática e funcional do que grandes investimentos em tecnologia ou conforto.
Fonte: WRI Brasil
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