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Conheça o Uber Access

A categoria não está disponível no Brasil, mas já existe em um país da América do Sul

Por Fellipe Gualberto – editada por Mariana Collini em 27/09/2024

No exterior, pessoas com mobilidade reduzida podem pedir carros de aplicativo adaptados. O Uber Access oferece esse serviço, seja por meio de veículos que permitem a entrada de cadeirantes sem sair da cadeira de rodas ou de motoristas que prestam auxílio no embarque. Apesar de estar disponível desde 2016 no Chile, a modalidade não tem previsão para começar a funcionar no Brasil.

Além do Chile, a categoria está disponível na Índia, em Bangalore; nos EUA, em Boston, Chicago, Los Angeles, Nova Iorque, Filadélfia e São Francisco; no Canadá, em Toronto, e no Reino Unido, em Londres.

“Somos invisíveis aqui no Brasil. As empresas não devem se mexer para disponibilizar o serviço no Brasil até existir a obrigatoriedade do governo”, afirma Silvana Cambiaghi, arquiteta, presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade de São Paulo (CPA) da prefeitura de São Paulo e cadeirante. Ela já conheceu o Uber Access em suas viagens internacionais e lamenta a inexistência da modalidade no País.

Como funciona o Uber Access?

De acordo com o site oficial da Uber, os preços na categoria Access são similares aos do UberX, a mais barata do aplicativo. Para pedir uma viagem nessa modalidade, é preciso, nas cidades em que ela está disponível, acessar o aplicativo, inserir o endereço final e selecionar a opção Uber Access entre as disponíveis.

O Uber Access é dividido em suas subcategorias. Em primeiro lugar, o Uber WAV (Wheelchair Accessible Vehicles, ou Veículo Acessível para Cadeira de Rodas), que é composto por carros adaptados para cadeirantes, permitindo a entrada e viagem sem sair da cadeira de rodas.

Por fim, também existe a possibilidade de pedir um Uber Assist, no qual motoristas treinados ajudam pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida no embarque e saída.

Em Londres, por exemplo, para trabalhar nessas categorias, o motorista precisa ter no mínimo 500 viagens, uma classificação de 4,7 estrelas e ter um veículo acessível para cadeiras de rodas.

Entretando, é necessário fazer um treinamento online de três horas sobre igualdade e deficiência antes de começar a trabalhar. As aulas capacitam os motoristas a ajudar as pessoas com mobilidade reduzida a entrar e sair do carro.

No Reino Unido, os veículos adaptados para cadeirantes não precisam ser de propriedade do motorista. O Uber conta com parceiros no país que permitem o aluguel dos automóveis. Ao mesmo tempo, os motoristas que desejarem usar seus próprios carros devem passar por uma inspeção, que pode ser agendada pelo app.

A realidade no Brasil

No Brasil, a oferta da categoria Uber Access segue sem nenhum planejamento. Por isso, pessoas com mobilidade reduzida que viajar em carros precisam recorrer às modalidades comuns no app ou aos táxis. “Além de os motoristas não estarem preparados, você não consegue entrar com a cadeira dentro do carro”, afirma Silvana.

De acordo com a arquiteta, outra opção no País é o táxi acessível. “No entanto, ele é raríssimo. Para conseguir um táxi acessível, você tem que ligar, agendar e pagar o valor cheio de ida e volta. Se você agendar só a ida, pode não conseguir outro para voltar”, explica.

A Lei Brasileira de Inclusão prevê que “as frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência”. Porém, de acordo com Silvana, quase nenhuma cidade segue essa determinação.

Incentivos governamentais

O artigo 50 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência afirma que “o Poder Público incentivará a fabricação de veículos acessíveis e a sua utilização como táxis e vans, de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas”. A realidade, no entanto, não é bem essa, de acordo com Silvana.

A arquiteta argumenta que a adaptação de um carro comum para acessível custa cerca de R$ 70 mil, valor que, em muitos casos, um motoristas não pode pagar. Sendo assim, a solução poderia ser a criação de incentivos governamentais.

“Em muitos outros países, o governo dá subsídios para empresas de táxi fazerem a compra de carros acessíveis. A culpa não é só dos taxistas ou só dos aplicativos de transporte no Brasil. Precisaria haver uma conversa entre empresas e o governo para que as pessoas com deficiência tenham acesso à modalidade e deixem de ser invisíveis”, ela explica.

Posicionamento do Uber

Em nota para o Mobilidade Estadão o Uber afirmou que produtos como o Uber Assist e o Uber Access estão disponíveis em alguns países “onde trabalhamos em parceria com a comunidade local para oferecer esses serviços”.

Por fim, a empresa declara que “no Brasil, estamos constantemente avaliando como adaptar a plataforma para atender melhor às necessidades locais, sempre levando em consideração as especificidades de cada mercado”.

https://mobilidade.estadao.com.br/pcd/uber-access-conheca-a-modalidade-com-carros-adaptados-para-pessoas-com-deficiencia/

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