Ao longo da história, é possível observar vários exemplos de transformações urbanas causadas por surtos e doenças, e a atual pandemia de covid-19 é um deles. Do ponto de vista ambiental, a abertura das cidades à mobilidade ativa tem sido uma das muitas mudanças já visíveis.
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Como incentivar esses insights positivos em meio ao caos para que não sejam apenas de ondas passageiras? Confira três caminhos para fomentar cidades mais sustentáveis no início do “novo normal”.
1. Manter mudanças comportamentais
As medidas de isolamento social estimularam a adoção de tecnologias para a realização de atividades à distância, especialmente de trabalho. Com isso, milhões de carros deixaram de circular por ruas e avenidas, fazendo com que muitas cidades registrassem uma diminuição considerável nos índices de poluição atmosférica.
É natural que, após a pandemia, muitas pessoas voltem à rotina, aumentando a circulação de veículos, mas também é possível que as novas dinâmicas de trabalho — ou parte delas, pelo menos — sejam mantidas, com efeitos positivos para as cidades.
A adoção do home office, mesmo que apenas em alguns dias da semana ou para setores específicos, diminuiria a necessidade de tantos deslocamentos. A manutenção de horários diferentes para entrada e saída do trabalho, já usada em muitos locais, também pode contribuir para menores índices de congestionamento e menor lotação nos transportes públicos.
2. Incentivo à mobilidade ativa
Ainda no que diz respeito às mudanças comportamentais, a pandemia e o isolamento social incentivam dois padrões de mobilidade urbana: há lugares em que as pessoas deixaram de usar o transporte público por medo da contaminação e voltaram a usar o individual e há aqueles em que a mobilidade ativa foi privilegiada.
Nesse contexto, é essencial que a administração pública esteja atenta para incentivar modais mais benéficos e sustentáveis, como a bicicleta e os deslocamentos a pé. Muitas cidades observaram essa necessidade e aproveitaram o período em que as pessoas estavam em casa para investir em ciclovias, calçadas e outras estruturas de mobilidade ativa. É o caso de Berlim (Alemanha), Lima (Peru) e Milão (Itália), entre vários exemplos, que terão muitos quilômetros a mais de caminhos para bicicletas no pós-pandemia.
3. Investimentos governamentais
Mais do que uma crise de saúde, a pandemia é uma questão humanitária. Como outras dificuldades já demonstraram, a dependência de auxílio do setor público ajuda a promover reflexões e revisões no setor econômico, bem como uma reestruturação das relações entre setor público e privado.
Um artigo recente do Instituto WRI Brasil sugere um caminho como esse para o Brasil, para a recuperação econômica após a pandemia de covid-19, aproveitando para realizar obras de infraestrutura sustentável.
Como estruturas urbanas podem se tornar hospitais de campanha?
Novas fontes de geração de energia, como a eólica, investimentos em saneamento básico e tratamento de resíduos podem estimular obras que gerem empregos, movimentem a economia e tornem as cidades brasileiras mais sustentáveis no longo prazo. Outro ponto importante é investir no transporte público, algo que se relaciona diretamente com o primeiro item da lista.
É essencial que os sistemas de ônibus e metrô, especialmente nas grandes cidades, ofereçam qualidade e segurança para os cidadãos após a pandemia. Como já foi abordado em outro artigo aqui no site do Summit Mobilidade Estadão, o momento também demanda uma reflexão sobre as formas de financiamento do transporte público, com tarifas mais acessíveis e atrativas para a população.
Fonte: Instituto WRI Brasil, Estadão
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