A economia brasileira tem enfrentado uma crise significativa. Porém, mesmo no período de boom econômico, em que o país ocupava o sexto lugar no ranking dos maiores PIBs do mundo, a desigualdade social ainda era uma marca persistente — herança de uma economia colonial e um processo de escravidão de mais de três séculos.
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Por isso, mais do que gerar riqueza, há outro dilema a ser considerado: como fazer o desenvolvimento ser percebido por todos os segmentos da população? Como conciliar “o crescimento do bolo” junto à diminuição da fome e da miséria de milhões de pessoas?
Visto que a maior parte da população brasileira vive no meio urbano, é no território das cidades que os dilemas e as tensões se materializam. Isso significa, em termos práticos, que o desenvolvimento passa por mais oportunidades de emprego e de renda, mais vagas em creches e escolas, mais estrutura nas unidades de saúde, entre outras políticas.
Conheça cinco diretrizes para alcançar o desenvolvimento das cidades de forma mais igualitária, com crescimento distribuído e redução das desigualdades.
1. Reconhecer a desigualdade socioespacial
É comum os gestores públicos dizerem que devem governar para todos, mas é preciso um olhar especial para quem reside na periferia, em situação de vulnerabilidade socioespacial.
Por isso, para se ter uma cidade que caminhe para a redução da desigualdade, é importante reconhecer que a realidade é marcada por desigualdades e que devem ser estabelecidas prioridades para erradicá-las.
2. Planejar junto a quem vive no território
É comum também que os gestores públicos ofereçam uma série de políticas como alternativa de resolução de problemas sociais, mas quem verdadeiramente conhece os dilemas a serem resolvidos é aqueles que os vivem no cotidiano.
O acompanhamento de técnicos da prefeitura e de outros agentes, como pesquisadores, é sempre bem-vindo. Convém, dessa forma, envolver os cidadãos na elaboração de uma agenda e na discussão de soluções. Afinal, são essas pessoas que perceberão os benefícios dessas políticas.
Uma boa dica nesse sentido é o fortalecimento dos conselhos que dirigem as entidades em cada área: Saúde, Educação, etc. Assim, garante-se que os órgãos públicos ouçam a sociedade civil organizada na definição dos seus rumos.
3. Distribuir renda como forma de investimento
Além de operar como política de assistência, as propostas de transferência de renda são medidas que operam como investimento: o valor transferido estimula a economia local e gera desenvolvimento desde baixo.
Além disso, um estudo do Ipea de 2011 apontou que mais de 50% do valor são transferidos de volta aos cofres públicos por meio de impostos. Portanto, é uma política que se sustenta a longo prazo.
4. Elaborar políticas de desenvolvimento regional
Outra forma de gerar esse desenvolvimento é pensar em alternativas de desenvolvimento regional, e as moedas sociais são um bom exemplo. Em Maricá, no interior fluminense, criou-se uma moeda local: a prefeitura organiza os programas de transferência de renda por meio desse veículo de troca, que é aceito nos comércios da região. Assim, garante-se que o dinheiro se mantenha em circulação na cidade, gerando riquezas no município.
5. Tomar decisões a longo prazo
Ao pensar em desenvolvimento e redução das desigualdades, deve-se pensar a longo prazo. Um exemplo disso é percebido no saneamento básico: embora essa área tenha um alto custo e os governos encontrem dificuldade em investir nela, as políticas de saneamento permitem uma economia substantiva na saúde pública.
Fonte: Journals, Maricá.
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