Ícone do site Summit Mobilidade

Como medir a acessibilidade urbana?

Em Miami, um trabalhador que se desloca durante 30 minutos no transporte público consegue acessar em torno de 15 mil empregos. Nesse mesmo período, alguém dirigindo o próprio carro tem acesso a 500 mil. Os dados são do pesquisador David Levinson, da Universidade de Sydney, e mostram como a acessibilidade urbana é crucial para a consolidação de cidades mais igualitárias. 

Inscreva-se para o Estadão Summit Mobilidade Urbana. É online e gratuito.

O conceito leva em conta a quantidade de destinos que alguém consegue acessar em determinado espaço de tempo. O modal com o qual se desloca é uma variável a ser analisada, mas outros aspectos, como o planejamento urbano, também demandam atenção nesse debate. Confira três possíveis caminhos para medir a acessibilidade urbana.

1. Análise dos planos diretores

Planos diretores precisam ser revistos de maneira periódica para o fomento de cidades mais igualitárias. (Fonte: Shutterstock)

Não é por acaso que os planos diretores demandam transformações periódicas. Hoje, mais do que nunca, já se sabe que ligar o centro à periferia para que trabalhadores possam se deslocar até empresas concentradas em um só núcleo é uma medida importante, mas insuficiente. 

Uma cidade acessível a todos não é só aquela em que pessoas têm fácil acesso a seus postos de trabalho, pois ela deve possibilitar também que moradores de diferentes classes sociais acessem espaços de cultura, aprimoramento e lazer. 

De que adiantam lindos parques centrais, se os espaços verdes são escassos nas periferias? Portanto, a eficácia do planejamento urbano precisa ser medida de maneira frequente sob o viés da igualdade socioespacial. 

2. Incentivo à investigação científica

Observatórios dedicados à formulação de métricas de acessibilidade urbana são extremamente necessários e, para isso, é fundamental fortalecer a pesquisa científica no âmbito da mobilidade. O estudo metódico ajudará a mapear pontos frágeis de maneira objetiva, criando bases para possíveis soluções.

Um exemplo é o Levinson, pois ele criou o Accessibility Observatory, que estuda a acessibilidade urbana de diversas metrópoles do mundo e, por meio dos dados obtidos nessas análises, desenvolve mapas e relatórios sobre o assunto. É o caso da pesquisa feita acerca de Miami.

Em Miami, um trabalhador que se desloca por 30 minutos de transporte público acessa 15 mil empregos. Se dirigir o próprio carro, tem acesso a 500 mil no mesmo período. (Fonte: Accessibility Observatory/Reprodução)

No Brasil, um projeto que se destaca é o Acesso a Oportunidades, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). A iniciativa já conseguiu apresentar dados sobre a acessibilidade urbana nas 20 maiores cidades do país. Essas informações são disponibilizadas de forma aberta e interativa em mapas e gráficos. 

Projeto do Ipea apresenta dados sobre acessibilidade urbana nas 20 maiores cidades brasileiras, por meio de mapas e gráficos interativos. (Fonte: IPEA/Reprodução)

3. Criação de novas métricas

Seja no âmbito acadêmico ou no científico, seja na iniciativa pública ou na privada, é importante que se criem novos caminhos para medir a acessibilidade urbana e a eficácia de diferentes formas de deslocamento em determinado local. 

Um modelo que tem dado certo e pode inspirar outras iniciativas é o Bike Friendly Index, de Portugal. A ferramenta desenvolvida pelo Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design (CIAUD) da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa indica, em uma escala de 0 a 10, o quanto uma cidade tem potencial para o uso de bicicletas como meio de locomoção (quanto mais próximo de 10, maior é a capacidade do município).

Fonte: Universidade de Sydney, Caos Planejado, Ipea.

O Estadão Summit Mobilidade Urbana será online e gratuito. Inscreva-se agora!

Sair da versão mobile