O trem e o metrô existem há décadas nas grandes cidades brasileiras, e o veículo leve sobre trilhos (VLT) tem ganhado cada vez mais espaço nelas. Com isso, surge a dúvida de como diferenciar cada meio de transporte.
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Muitas pessoas acreditam que a diferença entre trem e metrô é que o primeiro anda por cima, e o segundo vai por baixo da terra. Na verdade, o VLT é apenas um nome diferente para os novos trens instalados em capitais, como o Rio de Janeiro.
À primeira vista, os três são muito parecidos, afinal são conduzidos por trilhos e impulsionados por energia elétrica. No entanto, cada um deles tem especificidades que explicam por que recebem nomes diferentes. As distinções vão além do visual ou de onde ficam seus trilhos, elas dizem respeito também à forma como cada um deles é utilizado nos projetos de mobilidade urbana.
O trem e o metrô são os mais semelhantes entre si. Os vagões são parecidos, ambos andam sobre trilhos e utilizam tecnologias similares. As diferenças são bastante sutis e não envolvem apenas o fato de andar por cima ou por baixo da terra, já que também existem metrôs de superfície.
No Brasil, costuma-se utilizar a denominação “metrô” para as composições urbanas que andam pelo centro da cidade e pelos bairros mais povoados. Enquanto isso, os trens se locomovem por subúrbios e regiões metropolitanas. Essa diferença é visível na prática em São Paulo, por exemplo, onde existe o Metrô de São Paulo e os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Essa variação de localização entre o centro das metrópoles e as áreas metropolitanas ajuda a explicar algumas diferenças entre esses modais.
Como percorrem regiões mais densamente povoadas, com muitas construções, os metrôs são subterrâneos para desviar dos obstáculos. Também por conta da densidade, as estações de metrô costumam ser mais próximas umas das outras – entre 500 metros e 1,5 quilômetro. Além disso, suas composições tendem a ser menores: até 6 carros e 120 metros de comprimento.
Os trens, por sua vez, circulam em áreas com população e construções mais distribuídas no espaço. Por isso, suas estações ficam até dois quilômetros distantes uma da outra, e as composições podem ter até o dobro do tamanho daquelas do metrô (12 vagões e 250 metros).
Outra característica que diferencia os dois modais é que os trilhos dos trens são utilizados para outras finalidades – como vagões de carga –, além de apresentarem mais interligações entre os trilhos e mudanças de rota. Este aspecto (somado ao maior tamanho das composições) faz com que os trens metropolitanos precisem de intervalos maiores entre um e outro. Já os metrôs podem demorar menos de 5 minutos para passar.
Por fim, também vale mencionar que os trens funcionam com uma locomotiva, puxando outros vagões, enquanto os metrôs costumam ter todos os carros motorizados.
VLT: um bonde moderno
O veículo leve sobre trilhos (VLT) é assim denominado porque é mais leve do que os trens ou metrôs em vários aspectos: suas composições são menores, transportam menos passageiros e custam menos à administração pública.
Nesse sentido, a diferença mais impactante – tanto visual quanto funcionalmente – está no fato de que o VLT anda no nível da rua. Seus trilhos não ocupam tanto espaço, e ele faz pouco barulho ao passar. Assim, seus vagões podem estar em meio às ruas, calçadas e praças da cidade, inserindo-se de forma muito mais amigável na paisagem urbana. Não existe uma enorme “linha do trem” que, muitas vezes, divide as cidades.
Além disso, as estações do VLT não funcionam com catracas e pagamento antecipado (este é feito dentro do vagão), fazendo com que ele se assemelhe aos antigos bondes nesse aspecto. Por todas essas características, esse meio de transporte público está sendo adotado nos centros das grandes metrópoles com a finalidade de cobrir distâncias mais curtas e complementar os trens ou metrôs.
Por fim, vale observar que os VLTs percorrem seus trajetos a uma velocidade mais baixa da que dos trens ou metrôs – 20 km/h, em média –, inclusive por questão de segurança. Como essa velocidade é constante, e os VLTs têm a preferência em semáforos e cruzamentos, 20 km/h é mais do que suficiente para se deslocar de forma eficiente e segura pelos centros urbanos.
Nota-se que os três meios apresentam seus prós e contras, encaixando-se em contextos diferentes: os trens executam longas distâncias nos subúrbios e nas áreas metropolitanas; os metrôs realizam transporte pública de massa nas áreas densamente povoadas; o VLT complementa os dois em trajetos mais curtos. Dessa maneira, os projetos mais modernos de mobilidade urbana estão buscando integrar todos os modais – juntamente com outros, como ônibus e bicicletas – para aproveitar o melhor de cada um deles.
Referências: CPTM, VLT Carioca.
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