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Summit Mobilidade destaca mudanças no transporte urbano pós-pandemia

O Summit Mobilidade Estadão 2022, que acontece de forma online e gratuita, abriu a sua programação nesta segunda-feira (16) com discussões de especialistas sobre as mudanças nos deslocamentos urbanos, com a apresentação dos resultados da pesquisa “As Transformações em Curso”.

O estudo mapeou o modelo de trabalho e a percepção sobre o transporte entre pessoas maiores de 18 anos, com acesso à internet, e pertencente às classes A, B e C, em uma amostra representativa da população nacional. “Os resultados podem ser extrapolados para todo o País”, afirmou Julio Calil, executivo de contas estratégicas na Offerwise Brasil.

Trabalho remoto e híbrido

Brasileiros adotaram estratégias como evitar horários de pico, preferir home office e planejar deslocamentos. (Fonte: Summit Mobilidade/Reprodução)

Quase 70% dos trabalhadores mudaram o regime de trabalho por conta da crise sanitária. Durante a pandemia, o maior percentual (43%) saiu do trabalho presencial para o híbrido, enquanto 16% foram direto para o trabalho remoto.

Após o período de isolamento social, a maioria dos profissionais (32%) aderiu ao formato híbrido, indo ao escritório de duas a três vezes por semana. O home office foi adotado por 22%. Quanto maior o nível socioeconômico, maior foi a adoção das formas remotas.

Aumento do transporte individual

A mobilidade urbana precisa ser tratada com uma visão sistêmica, comentou Quintella. (Fonte: Summit Mobilidade/Reprodução)

Dois terços dos brasileiros foram afetados na forma de deslocamento para o trabalho, mesmo depois da retomada das atividades presenciais. Houve um aumento do uso de transportes individuais, como carro particular (59%), por aplicativo (47%), bicicleta (31%) ou moto (31%). Por outro lado, os transportes coletivos tiveram uma retração no uso, com destaque para o ônibus (-35%) e o metrô (-23%).

O ciclismo ganhou força desde o início da pandemia, com um crescimento de 27% das pessoas que compraram mais uma bicicleta para ir e voltar do trabalho, destacou Calil. O estudo também aponta que 15% dos brasileiros abandonaram o automóvel particular por conta da alta de combustíveis, sobretudo os usuários com idade entre 24 e 35 anos.

No entanto, essa redução não foi suficiente para aliviar o tráfego. O nível de engarrafamento nas grandes cidades brasileiras está retornando aos níveis pré-pandemia. “Quando as pessoas se deparam com a ineficiência do transporte público, continuam utilizando o transporte individual”, observou Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes.

Momento transitório

O momento ainda é de transição e os novos hábitos de mobilidade urbana podem não estar cristalizados a longo prazo, destacaram os especialistas. Outros fatores, como a alta dos combustíveis e da inflação, também afetam as decisões de consumo da população, inclusive quanto ao transporte urbano.

No entanto, as incertezas quanto à pandemia foram bastante reduzidas. “Isso permite o melhor planejamento tanto para as pessoas quanto para os agentes públicos”, comentou Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Apesar da oportunidade, os sistemas de mobilidade urbana no Brasil ainda enfrentam problemas antigos. O nível de planejamento em todas as esferas de governo ainda é focada no curto prazo e falta coordenação entre os entes federativos, avaliou Azevedo. Nesse sentido, uma mudança de pensamento, para uma visão de mais longo prazo ainda é necessária.

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Novos meios de pagamento

O grande motor para as empresas de pagamentos eletrônicos é a inovação. (Fonte: Summit Mobilidade/Reprodução)

“A indústria de meios de pagamentos foi a que mais cresceu, mais transformou e provocou mais impactos nos últimos tempos”, considerou André Turquetto, diretor-geral da Veloe. A expansão do mercado, a digitalização constante, o avanço dos dispositivos e a mudança de comportamento durante a pandemia impulsionaram o crescimento do setor.

Antes da crise sanitária, o pagamento por aproximação (NFC) era utilizado por menos de 2% das compras presenciais com cartão. Atualmente, esse número é de 30%. “Os benefícios sociais durante a pandemia trouxeram muita gente que está fora da indústria financeira”, destacou Fernanda Caraballo, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Mastercard Brasil.

As classes C, D e E, principais usuárias do transporte público, aderiram aos meios eletrônicos de pagamento, como PIX e carteiras digitais, mas a maioria dos sistemas das cidades brasileiras não está preparado para essa mudança.

“O operador no modelo contratual não tem recursos eficientes para fazer a modernização do parque de tecnologia por conta da crise”, avaliou Luiz Renato Mattos, CEO da Onboard. Por isso, são necessários subsídios públicos para a digitalização das empresas, que proporcionam uma série de custos de operação.

Oportunidades no transporte público

O setor está repleto de oportunidades para melhorar a eficiência dos sistemas e a experiência dos usuários. Para usar o ônibus e o metrô, os usuários, muitas vezes, precisam adquirir cartões específicos e recarregá-los, o que gera incômodo e perda de tempo.

“Temos condições de reunir os diversos players de mobilidade urbana para melhorar esse acesso”, comentou Marcelo Sarralha, diretor de Soluções e Inovações da Visa. O cartão bancário pode ser utilizado para dar acesso ao transporte, eliminando as diversas barreiras de uso, como acontece no metrô do Rio de Janeiro.

“Esse é um caminho sem volta, pela segurança, pela praticidade e por ser algo que não é cobrado”, considerou Ana Bellino, superintendente de Marketing, Produtos e UX do Digio. O potencial brasileiro é enorme, pois as tecnologias ainda estão concentradas em alguns polos de desenvolvimento e ainda há muita gente para ser incluída digitalmente.

Desafios para a mobilidade humana

Concessionária se preocupa em deixar ambiente de rodovias menos hostil para ciclistas. (Fonte: Summit Mobilidade/Reprodução)

A pandemia lançou novos desafios para a segurança física e mental na mobilidade urbana. O número de motociclistas cresceu, impactando também nas estradas. Apesar das motos representarem apenas 10% do tráfego nas rodovias paulistas administradas pela CCR, elas estão envolvidas em cerca de 30% dos acidentes.

A concessionária desenvolveu uma websérie abordando a redução dos conflitos no trânsito a partir da empatia. “A iniciativa coloca o motociclista para experimentar a sensação de dirigir um caminhão e colocamos o caminhoneiro para sentir quais são as agruras de se deslocar com uma moto”, descreveu Rogério Bahú, diretor de Operações da CCR Infra SP.

O retorno aos sistemas coletivos pode gerar insegurança psicológica nos passageiros. Em Salvador, o metrô oferece um espaço na estação central para dar suporte emocional aos usuários. “Prestar um serviço de mobilidade urbana não é só transportar pessoas, é criar um impacto em nosso retorno”, considerou André Costa, diretor da CCR Metrô Bahia.

O Summit Estadão Mobilidade segue até sexta (20).

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Fontes: Summit Mobilidade Urbana 2022

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