Como seria o trânsito de uma cidade com um sistema de “táxi-ônibus”, em que veículos como minivans (com oito lugares) e micro-ônibus (com 16 assentos) fossem solicitados sob demanda por aplicativo de celular? Essa pergunta foi realizada por pesquisadores do Fórum Internacional de Transporte (ITF), que fizeram uma projeção de qual seria o impacto desse tipo de serviço em uma cidade como Lisboa (Portugal).
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Em 2016, a equipe registrou 1,1 milhão de viagens na capital portuguesa, que tinha 550 mil habitantes: 50% dos deslocamentos foram realizados em carros, motos e táxis; 21%, a pé; e apenas 29%, com transporte público. A simulação eliminou todos os carros das ruas, mas manteve os serviços de transporte coletivo.
A conclusão foi que, com os serviços de mobilidade coletiva sob demanda, o deslocamento que custava 10 euros, em média, passaria a 3,8 euros. A quantidade veículos na hora do rush seria reduzida em 63%, acabando com os congestionamentos, e a emissão de CO2 seria reduzida em 66%.
O serviço sob demanda deve redesenhar o sistema público de mobilidade, já que o novo modal agrega os benefícios dos aplicativos de transporte, aumentando a sua eficiência. Com paradas personalizadas, diminui-se o trajeto e, ao mesmo tempo, transporta-se um número maior de pessoas, barateando os custos e aumentando os beneficiados pelo sistema. O modal deve ser ainda mais importante quando integrado às redes já existente de transporte de massa, servindo como meio de deslocamento nos primeiros e nos últimos quilômetros.
Entretanto, o impacto nas cidades vai muito além. O transporte sob demanda, além de reduzir congestionamentos e emissão de CO2, pode democratizar o acesso aos bens da cidade, como emprego, escola e cultura, uma vez que torna possíveis deslocamentos mais rápidos que no transporte público comum, como o realizado por ônibus, e mais econômicos que o transporte individual.
Transporte sob demanda no Brasil
Em São Bernardo do Campo (SP), uma empresa de ônibus com wi-fide banda larga, tomada, USB, ar-condicionado e assentos marcados já faz o transporte com uma rota fixa do ABC paulista até o Berrini, centro financeiro na capital. O serviço chegou a ser suspenso pela prefeitura de São Paulo, mas voltou a funcionar. O município também decidiu ampliar a participação do novo modal em outras rotas da cidade e incluiu, na licitação do transporte público do município, a opção coletiva sob demanda.
Curitiba (PR), que já foi referência mundial no transporte público com a implantação do ônibus de trânsito rápido (BRT), alterou a lei municipal de mobilidade para permitir a flexibilização de tarifa no sistema público. A mudança abre caminho para o transporte sob demanda na cidade, que já conta com um estudo para a criação de um aplicativo de transporte coletivo.
A capital de Goiás foi a primeira a receber o serviço no País e conta com um sistema de 40 vans com capacidade para até 14 passageiros cada. Nos primeiros cinco meses de operação, 38 mil pessoas já se cadastraram para utilizar o transporte sob demanda, a maioria migrada de deslocamentos com carros próprios ou aplicativos de viagens individuais. Os veículos têm uma rota predeterminada e embarcam os passageiros em pontos de encontro distantes até 400 metros do usuário. As passagens custam a partir de R$ 2,50 e variam de acordo com a distância de cada trajeto.
Em Fortaleza (CE), o serviço de transporte sob demanda começou com 18 vans com capacidade para 13 pessoas cada. O sistema funciona nos bairros mais próximos à orla, como as praias de Iracema e do Futuro, além da região que concentra os principais shoppings e universidades. Os veículos têm rota flexível, para evitar congestionamentos, e a tarifa é de R$ 3,50, com acréscimo de R$ 1,50 para cada quilômetro rodado.
Nas duas capitais, os serviços são gerenciados por operadores locais em parceria com uma empresa sediada em Nova York e que fornece a tecnologia do aplicativo.
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