Um levantamento realizado pelo Centro de Excelência BRT+ com o apoio do WRI Brasil investigou as mudanças causadas pela pandemia de coronavírus nos hábitos de deslocamento em várias cidades, incluindo cinco capitais brasileiras: Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).
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A pesquisa tem como objetivo compreender melhor o impacto da crise sanitária para planejar o futuro da mobilidade urbana. Para tanto, comparou as mudanças nos deslocamentos urbanos e nos regimes de trabalho e estudo entre março, no início da crise, e em setembro e outubro, quando as atividades começaram a ser retomadas.
As informações totais do levantamento ainda não foram consolidadas, mas os dados preliminares dão uma ideia de como a mobilidade urbana foi afetada.
Principais impactos da pandemia
A ampla adesão ao home office para ajudar a diminuir o contágio por covid-19 reduziu drasticamente os deslocamentos diários para trabalhar e estudar. Na comparação entre o início da pandemia e setembro, mais de 50% das pessoas não estão se deslocando para essas atividades em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Apenas Fortaleza teve resultado um pouco menor, 37%, que reflete o estágio mais avançado da retomada das atividades.
Quem precisou se locomover teve receio de contaminação pelo coronavírus, e isso se refletiu no aumento do uso de carros próprios e por aplicativos, enquanto a utilização do transporte coletivo caiu.
Automóveis
Em todas as cidades, houve redução na utilização de automóveis particulares. Nota-se também diminuição no uso de táxi para a locomoção diária, exceto no Rio de Janeiro e em São Paulo, que tiveram aumento.
As corridas com aplicativos de transporte cresceram principalmente em Porto Alegre, no Rio de Janeiro e em Fortaleza. Na capital cearense, a participação do modal nos deslocamentos principais chegou a praticamente dobrar, enquanto em São Paulo houve manutenção do patamar de utilização dos apps, e Belo Horizonte apresentou redução no período analisado.
Transporte público
A perda de passageiros do transporte coletivo já vem sentida nos últimos anos, e a pandemia agravou a situação. Os deslocamentos com ônibus de trânsito rápido (BRT), metrô, trem e veículo leve sobre trilhos (VLT) apresentam as maiores quedas em todas as cidades. Antes da pandemia, o transporte coletivo era utilizado por mais de 40% das pessoas que responderam à pesquisa na maioria dos locais.
Com a crise sanitária, o número passou a ser menor do que 15%, e em alguns casos a queda no transporte público aumentou. Em São Paulo, o uso de meios coletivos nos deslocamentos principais caiu de 59% em março para apenas 8% em setembro.
Mobilidade ativa
As bicicletas e as caminhadas foram consideradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos meios mais seguros para deslocamentos durante a pandemia. E a bike também proporciona benefícios para a saúde de quem o utiliza. Apesar disso, não houve padrão generalizado de aumento de ciclistas nos transportes diários, de acordo com o estudo; pelo contrário, as cinco capitais pesquisadas tiveram diminuição do uso do veículo.
As caminhadas seguiram a mesma tendência, com diminuição da participação nos deslocamentos em todas as cidades brasileiras analisadas, com exceção de Fortaleza, onde houve manutenção do patamar em março e setembro.
Fonte: WRI Brasil
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