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Como a Pesquisa Origem Destino aprimora a mobilidade urbana?

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A maioria das pessoas precisa se movimentar pela cidade para trabalhar ou realizar tarefas cotidianas. Para que esses deslocamentos sejam feitos de forma eficiente, o poder público precisa investir na readequação das vias, no transporte público e em várias outras frentes. Aí reside a principal utilidade da Pesquisa Origem Destino: compreender onde esses investimentos devem ser alocados.

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Também chamada de Pesquisa OD, serve para descobrir de onde e para onde as pessoas se deslocam dentro da malha urbana, quais são as motivações das viagens (trabalho, estudo, lazer etc.), os horários de saída e de chegada e os meios de transporte utilizados para isso.

Os dados são cruzados com variáveis socioeconômicas, como renda e escolaridade. Sabendo esses detalhes, os gestores públicos podem compreender como o sistema de transporte atende à população, projetar os impactos do crescimento previsto para a cidade e planejar investimentos.

A Pesquisa Origem Destino contribui, principalmente, para o transporte público. Com base em seus dados, é possível saber onde são necessárias novas linhas de ônibus ou terminais, bem como se é necessário aumentar a frota ou criar modais de transporte. Em São Paulo (SP), por exemplo, a primeira Pesquisa OD, realizada em 1967, serviu de base para os planos de todo o sistema de metrô da cidade.

Também é possível fazer projeções para saber se novos projetos vão resolver os problemas existentes: em Curitiba (PR), a Pesquisa OD de 2016 estudou cinco possíveis expansões do seu sistema de ônibus de trânsito rápido (BRT) para entender quais seriam as mais efetivas. Tudo isso levando em conta o crescimento que a cidade deve ter nos próximos anos.

(Fonte: IPPUC/Curitiba)

Os dados desses estudos auxiliam diversos setores, inclusive o de transporte por veículos particulares. Com eles, é possível observar onde estão os principais gargalos e planejar obras de trânsito, mudanças na direção de vias, criação de eixos de transporte e outras intervenções. Também é possível saber quais são os horários de maior movimento em cada região, para direcionar equipes de agentes de trânsito para os locais necessários.

Pesquisa OD como base para uma nova mobilidade

Tendo em vista a necessidade de estimular outros meios de mobilidade, além do automóvel, a Pesquisa Origem Destino ajuda a definir quais intervenções são necessárias para isso. Analisando os dados, é possível saber onde devem ser construídas novas ciclovias e quais regiões precisam de melhorias nas calçadas, para estimular a mobilidade a pé ou de bicicleta.

Em São Paulo, o estudo realizado em 2017 descobriu que as viagens com transporte público aumentaram entre as pessoas de renda mais alta, mas diminuíram entre aquelas de renda mais baixa, que passaram a utilizar mais automóveis particulares. Análises publicadas pelo Estadão na época da divulgação dos resultados apontam que a causa disso é o baixo investimento em linhas de ônibus que atendam aos bairros em que essas pessoas vivem, somado aos incentivos fiscais para a compra de carros, oferecidos pelo governo federal nos anos 2000. Além disso, os principais investimentos do poder público em transporte coletivo foram feitos em bairros nobres.

Já em Curitiba, o resultado é bastante diferente: 44,2% das pessoas que ganham de um a três salários-mínimos se locomovem por automóveis particulares, parcela que sobe para 81,7% entre aqueles com renda maior que 5 salários. Na faixa de renda mais alta, apenas 7,7% das pessoas utilizam o transporte coletivo.

(Fonte: Unsplash)

Como são realizadas as pesquisas de origem e destino?

Os levantamentos são realizados por amostragem, com o sorteio de quais domicílios serão entrevistados para atender a todos os requisitos de validade da pesquisa, com as consultas realizadas presencialmente. Na Região Metropolitana de Curitiba foram feitas aproximadamente 80 mil pesquisas com o objetivo de conseguir 16 mil formulários válidos.

Por sua complexidade, as Pesquisas Origem Destino costumam ser aplicadas em intervalos de, pelo menos, dez anos; há municípios que nunca a realizaram por esse motivo. Recife (PE) encontrou uma maneira de tornar a análise mais simples e barata. A solução foi convocar grandes empresas, edifícios comerciais, escolas e outros locais com grande concentração de pessoas para participarem da pesquisa, condicionando a concessão de alvarás à aplicação na pesquisa.
Essas instituições coordenam as entrevistas com as pessoas que fazem parte delas. Para garantir que os dados não serão alterados e que não haverá duplicidade nas respostas, cada participante recebe um código personalizado, e os dados passam por validações posteriores. Dessa maneira, a cidade pernambucana pretende realizar a avaliação a cada dois anos.

Fonte: Prefeitura de Curitiba, Estadão, The City Fix Brasil, Estadão, WRI Brasil.

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