Com uma frota de ônibus defasada e um metrô que não atende a toda a população da cidade, Porto Alegre (RS) demanda uma repaginação no que tange à mobilidade. De acordo com um levantamento feito pelo site Cuponation, a cidade sulista tinha, em 2019, a maior tarifa de ônibus do País: R$ 4,70, valor que não correspondia à qualidade do transporte público do município.
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Foi em meio a tamanho descontentamento que a União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (Umespa) divulgou um documento entregue à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) apontando diretrizes necessárias para que a prefeitura melhorasse o sistema.
Entre as recomendações estavam a implementação de corredores, faixas exclusivas e sincronização dos semáforos para agilizar o transporte, alocação de verba pública em segurança dentro dos ônibus e nas paradas e flexibilização de linhas e trajetos.
Atualmente, a cidade não tem um sistema de ônibus de trânsito rápido (BRT), desenvolvido para dar prioridade a esses veículos nas vias e que é disseminado em várias cidades do Brasil, como Curitiba (PR).
O metrô porto-alegrense, conhecido como Trensurb, também apresenta espaço para melhorias. Apesar de sua praticidade e dos preços mais baixos, o meio de transporte foi desenvolvido para atingir apenas alguns bairros.
O projeto inicial visava à ligação do centro da cidade a alguns municípios vizinhos, como Canoinhas, Esteio e Novo Hamburgo. Porém, com o passar dos anos, o transporte público local passou a demandar manutenção, e as linhas ficaram desatualizadas.
A crise financeira
Dada a situação financeira das empresas de ônibus, o cenário parece longe do ideal. De acordo com os dados apresentados pela Associação de Transportadores de Passageiros da Capital (ATP), a Carris, principal administradora de ônibus da cidade e dona de uma frota com 358 veículos, encontra-se em crise.
Operadora de 24 linhas da região, a organização pública centenária contraiu uma grande dívida nos últimos anos, que aumentou 873% somente entre 2011 e 2016, chegando a aproximadamente R$ 52 milhões.
Com o grande déficit financeiro, o transporte público de Porto Alegre também apresenta dificuldade em operar com as frotas regulamentadas.
Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC), todas as companhias de ônibus do município trabalham com veículos com mais tempo de funcionamento do que a licitação atual permite. A Carris apresenta uma média de 6,9 anos para seus ônibus em funcionamento, quase dois anos a mais do que o determinado como ideal.
Em 2020, a prefeitura de Porto Alegre apresentou iniciativas a serem votadas na Câmara para tentar solucionar alguns dos problemas, como precificação e funcionalidade do transporte público na capital.
Entre as medidas estavam pautas polêmicas, como a tarifa de uso do sistema viário para os aplicativos, que cobra R$ 0,28 por quilômetro rodado das empresas do setor — o objetivo é que esse valor seja revertido para investimentos no transporte coletivo.
Além disso, a prefeitura sugeriu a criação da tarifa de congestionamento urbano: carros emplacados fora de Porto Alegre devem pagar R$ 4,70 para entrar na cidade em dias úteis. Outra sugestão é a redução de cobradores de ônibus em períodos específicos, o que desobrigaria o exercício da profissão entre 22h e 4h em dias de passe livre, domingos e feriados.
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