Johnny Miller, fotógrafo sul-africano, tem chamado a atenção com sua série fotográfica Unequal Scenes, na qual utiliza drones para destacar a desigualdade social no espaço urbano em cidades na África do Sul, no Brasil, nos Estados Unidos, na Índia e no México.
O projeto nasceu em Joanesburgo (África do Sul), e as primeiras fotografias trazem de volta um triste período histórico do país, o Apartheid. O regime chegou ao fim há mais de 20 anos, mas ainda é possível identificar por meio das imagens captadas pelos drones as marcas que a segregação deixou no território — o contraste entre um bairro planejado e um assentamento sem infraestrutura, ambos lado a lado.
“O drone distancia o fotógrafo e o observador da fotografia, tanto física quanto mentalmente, e provoca uma análise do olhar distante. Isso nos força a confrontar a ética da representação e as limitações (e a liberdade) do uso da tecnologia na criação de imagens”, escreveu Miller no site do Unequal Scenes.
Após o sucesso de seu primeiro trabalho, Miller decidiu visitar outros locais do mundo para expor desigualdades sociais. Segundo o site no qual divulga seu portfólio, o profissional já esteve em mais de 25 destinos.
A desigualdade brasileira vista pelos drones
Miller desembarcou no Brasil em 2020 e percorreu cidades como Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos e São Paulo (SP). Em seu site, as fotografias são acompanhadas de uma contextualização histórica e social.
As cenas captadas pelo drone de Miller mostram muitos pontos famosos no Brasil, como a favela do Cantagalo, com Ipanema ao fundo, e Paraisópolis, com o bairro Morumbi ao lado — essa última ficou conhecida internacionalmente após o registro do fotógrafo Tuca Vieira, em 2004.
Para o fotógrafo, as imagens não representam totalmente a verdadeira sociedade brasileira, que tem níveis de desigualdade muito mais profundos. “A maioria das favelas de São Paulo está localizada na periferia, longe de prédios luxuosos do tipo que aparece naquela foto. Essas favelas são esquecidas, desconhecidas dos fotógrafos estrangeiros em helicópteros e editores de jornais”, pontuou em seu site.
As fotografias de Miller já estamparam capas de diversos jornais e serviram como base para estudos sociais. Atualmente, seu projeto é acompanhado por mais de 28 mil seguidores no Instagram.
Fonte: Unequal Scenes, ArchDaily.