Em geral, as políticas públicas exigem uma coordenação delicada de inúmeras ações e agentes dada a complexidade dos temas coletivos. A bicicleta faz parte das soluções simples, baratas e altamente funcionais, sendo capaz de trazer benefícios para o trânsito, a saúde, o meio ambiente, a segurança e a economia.
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É por isso que as cidades mais inteligentes do mundo têm apostado nessa forma de mobilidade ativa. No Brasil, vários municípios estão se dedicado a ampliar esse modal, entre eles Fortaleza (CE), que se destaca em virtude da aposta em bikes compartilhadas e do crescimento da área pedalável, o que aproxima a capital cearense cada vez mais de São Paulo, a cidade com a maior malha cicloviária do País.
Bicicletar
Um dos principais trunfos da capital cearense em fomentar a ciclomobilidade está no projeto Bicicletar, cujo conjunto de bicicletas públicas oferece uma opção de transporte sustentável e não poluente. Trata-se de uma parceria entre a Prefeitura de Fortaleza, a Unimed e a Serttel, que opera o sistema.
Por que pensar a mobilidade para os pedestres
O funcionamento é simples: as bikes estão distribuídas em 80 estações inteligentes localizadas em 27 bairros da cidade. Cada uma delas conta com uma central de operação via wireless alimentada por energia solar. Com um cadastro rápido, as pessoas podem retirar uma unidade com o auxílio do smartphone e devolvê-la em qualquer estação.
Há também bicicletas infantis no projeto Mini-Bicicletar, com operação é semelhante. O smartphone dos pais destrava a bike das crianças com a aquisição de um passe específico.
A meta do sistema é chegar a 210 estações e incluir as regiões periféricas da cidade. Assim, garante-se que a ciclomobilidade não seja executada apenas por lazer mas também do ponto de vista funcional, garantindo que as pessoas de fato deixem o carro na garagem para ir ao trabalho ou à faculdade.
O maior trunfo do Bicicletar se refere à integração com o sistema de transporte coletivo da capital, já que para quem usar esse modal as bikes do sistema são gratuitas por uma hora. O modelo garante o princípio da mobilidade “até o último quilômetro”, uma tendência defendida por especialistas da área, em um planejamento na oferta de mobilidade que é multimodal e centrado na experiência do usuário que quer sair de um ponto e chegar a outro da forma mais eficiente possível.
Ciclovias
Outro ponto que tem feito Fortaleza se destacar no fomento ao hábito de pedalar se refere à ampliação da malha cicloviária. Com medidas simples, como pintar faixas no asfalto para garantir vias exclusivas a quem opta por esse veículo, é possível estimular significativamente o uso das bicicletas.
A medida exige, no entanto, vontade política. Como o modelo de mobilidade que temos hoje é centrado no automóvel, há resistência nessa implantação e é necessário que exista uma estratégia que garanta esse avanço. No caso de Fortaleza, trata-se de um objetivo ousado: torná-la a cidade mais pedalável do País.
Nos últimos anos, a dimensão dos trajetos cicloviários passou de cerca de 70 quilômetros para mais de 300 quilômetros. A meta é passar dos 400 quilômetros neste ano, período em que a bicicleta ganhou uma importância única por estar entre as formas de mobilidade com menor possibilidade de contágio de covid-19.
Essas são metas previstas no Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI) da cidade, e os resultados já são significativos: Fortaleza é a única capital brasileira em que um terço da população reside a até três quadras (300 metros) de uma estrutura cicloviária. Isso é fundamental para tornar o uso da bicicleta uma experiência segura e funcional; graças a medidas como essa, a redução do número de mortes no trânsito foi de 50%.
Vivenciar a cidade
Entre os benefícios de pedalar está outra forma de experienciar a cidade. Conhecer novos estabelecimentos e parar ao longo do trajeto são opções que o deslocamento com carro não possibilita com a mesma facilidade.
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Trata-se de uma experiência importante que, nas palavras do médico e escritor Paulo Saldiva, refere-se a deixar de ser expectador da cidade para vivê-la e fazer parte da paisagem urbana. O ato de pedalar também desenvolve a empatia e o respeito à fragilidade do outro, já que motoristas que pedalam tendem a ser mais conscientes e cuidar de quem está mais exposto no trânsito.
Fonte: Bicicletar, Diário do Nordeste, Mobilize
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