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A importância de investir nas favelas e o potencial desses espaços

O processo de favelização de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo se iniciou ainda no século 19 quando ocorreram a abolição da escravatura e a aceleração do desenvolvimento industrial. Nesse contexto, pessoas que antes eram escravizadas e outras que trabalhavam no campo se encontraram em grandes cidades sem recursos e apoio governamental para conseguirem moradia. Dessa forma, começaram a se formar comunidades de proletários afastadas das áreas nobres do centro.

O termo “favela” surgiu a partir do nome de um morro que foi ocupado por soldados na Guerra de Canudos e no qual eles construíram moradias improvisadas. Quando alguns desses soldados retornaram ao Rio, após a guerra, eles também se encontravam desamparados pelo Estado. Assim, pediram permissão do governo para se instalarem no Morro da Providência. Como não tinham recursos, as condições de vida deles se assemelhavam muito àquelas que eles tinham enquanto estavam na guerra, desse modo, por associação, eles começaram a se referir ao morro como favela.

A expansão das favelas

O “boom” das favelas ocorreu entre 1940 e 1980. (Fonte: Shutterstock / Reprodução)

O crescimento das favelas aconteceu entre as décadas de 1940 e de 1980, já que nesse período o País passou por um grande crescimento populacional, especialmente da população urbana.

As favelas seguem sendo vistas, muitas vezes, com preconceito, mas é impossível negar o potencial de tais espaços. Segundo pesquisas do Instituto Data Favela, as favelas brasileiras movimentam mais de R$ 180 bilhões em renda própria por ano. Em outro estudo do Data Favela, 41% dos entrevistados afirmaram ter um negócio próprio. Além disso, as favelas estão cada vez mais presentes em produções artísticas, como novelas, cinema e música.

No entanto, há muito a se investir para que o potencial das favelas e de suas populações alcance o máximo. Na pesquisa do Data Favela sobre o empreendedorismo dos moradores de comunidades, 57% dos entrevistados disseram ter investido em um negócio próprio devido à falta de oportunidades no mercado formal.

Dessa forma, a informalidade é a regra para 63% deles, já que os negócios não têm Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Outra dificuldade apontada pelo estudo é o acesso à capital para investimentos nos negócios: 40% dos entrevistados afirmam sofrer com tal problema.

Mobilidade também impacta negativamente os moradores

A falta de CEP e a acessibilidade são grandes desafios para os moradores. (Fonte: Shutterstock / Reprodução)

Mesmo com a movimentação de renda bastante significativa, os moradores de favelas enfrentam diversos desafios. Segundo a pesquisa Um país chamado Favela, metade dos moradores dessas comunidades compram produtos pela internet. Porém, a falta de entregas regulares nesses territórios é um empecilho.

Afinal, a falta de Código de Endereçamento Postal (CEP) e de numeração nas casas ou problemas relacionados à segurança impactam a realização de compras on-line. Além disso, essas questões dificultam outras atividades que garantem a cidadania, como o simples recebimento de documentos e correspondências nos endereços dos moradores.

A locomoção da população das favelas também é um dos pontos que mais carece de atenção. A falta de asfaltamento de alguns locais pode levar ao desenvolvimento de problemas de saúde, como as alergias respiratórias. Ademais, até mesmo o atendimento de emergência fica dificultado, já que, em locais sem infraestrutura mínima, nem mesmo ambulâncias conseguem chegar.

A acessibilidade para pessoas com deficiência (PCDs) também é um grande desafio. Como, em geral, as favelas são localizadas em morros, subir e descer as ladeiras sem ter infraestrutura adequada pode se tornar quase impossível.

Mesmo que cada favela tenha uma estrutura geográfica própria, soluções de acessibilidade podem melhorar significamente a vida de quem precisa de espaços adaptados. Dentre esses recursos, a construção de rotas acessíveis com vielas, rampas, pontes e outras ferramentas de acessibilidade podem garantir mais qualidade de vida aos moradores.

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Fonte: Summit Mobilidade, Mercado & Consumo, Mercado & Consumo, ANF, Agência IBGE

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