Os países do G20 respondem por 80% das emissões de gases poluentes do mundo e muitos se comprometeram com novas metas na redução da poluição na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26). O problema é que os acordos têm se mostrado pouco eficientes. Um relatório do programa ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que, entre os países mais poluentes, poucos cumpriram as metas oficializadas no Acordo de Paris de 2016.
Os novos acordos firmados na COP-26 são a última esperança para que o mundo consiga cumprir a meta de não elevar a temperatura acima de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Atualmente o aquecimento já atingiu 1,2°C e cientistas afirmam que para que o acordo seja cumprido é preciso que se reduzam as emissões de poluentes em 55% até 2030. Até agora, as reduções não passaram de 7%.
Resultados da COP-26
Depois de muito debate para mediar a discordância de países dependentes da queima do carvão (como Índia e Áustria), a COP-26 chegou a uma declaração final assinada por 196 países. O Pacto Climático de Glasgow avançou timidamente em alguns pontos que precisavam ser tratados imediatamente. Na prática, o que se viu no encontro foram algumas das maiores e mais poluentes nações adiando a tomada de decisões.
O documento final teve alguns pontos importantes, como o reconhecimento da necessidade de os humanos pararem de usar combustíveis fósseis. Mas, por pressão do lobby de empresas petrolíferas e de países cujas economias dependem desses setores, o termo “eliminação gradual” foi trocado por “redução gradual”.
Poucos objetivos e acordos foram estabelecidos oficialmente além das promessas voluntárias de redução das emissões. Os acordos voluntários tendem a não causar sanções quando não cumpridos e, portanto, são vistos como pouco efetivos por ambientalistas.
O que os países podem fazer para diminuir a poluição?
Os dois principais vilões do efeito estufa são o dióxido de carbono (CO2) e o gás metano. Para que se consiga a redução do gás carbônico, é necessária uma mudança na matriz do principal combustível usado pelos humanos: os combustíveis fósseis.
Acordos que firmassem metas objetivas para a redução dessas emissões poderiam transformar setores como a indústria automotiva, aumentar o incentivo pela busca de energias renováveis e mudar as políticas urbanas para incentivar novos tipos de transporte.
O metano, por sua vez, é o principal composto do gás natural usado em residências e na indústria. Ele é 80 vezes mais potente para a poluição da atmosfera do que o dióxido de carbono e tem uma vida curta: 12 anos em comparação com as centenas de anos do CO2. Dada essa curta duração, o corte brusco nas emissões poderia ser mais efetivo para a redução do aquecimento global. O metano é emitido na atmosfera principalmente através da pecuária, de aterros e pela indústria do petróleo e gás.
No Brasil, por exemplo, 65% das emissões de gás metano são causadas pela agropecuária. O principal motivo do Brasil ter entrado no ranking dos países mais poluidores foram o desmatamento e o uso do solo para pecuária.
Existem formas de diminuir essas emissões, como o melhoramento genético do solo e de animais e o uso de suplementos alimentares, que diminuem a emissão de gases. Além disso, pode-se usar a técnica de integração de lavoura, pecuária e floresta, que faz com que os gases emitidos sejam sequestrados e usados como biomassa pelas plantas. Por fim, uma aplicação mais rígida do Código Ambiental que coíba efetivamente o desmatamento ilegal.
Uma das maiores exigências dos países em desenvolvimento é que haja indenizações dos países ricos para as reduções econômicas ocasionadas pelo freio nas indústrias. Apesar de uma série de acordos para fundos de proteção ambiental, a maioria das promessas ainda não foi cumprida e há pouca clareza de como o dinheiro chegaria a quem precisa.
Fonte: Mundo Educação, Neo Energia, IEA USP, WRI Brasil.