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Itália: o que o parque linear de Turim tem a ensinar

TURIN, PIEDMONT, ITALY - October 24, 2020: Panorama from the riverside and the Ponte Re Umberto Primo.

A cidade de Turim, no norte da Itália, tem pouco mais de 800 mil habitantes; uma população próxima à de João Pessoa (PB). Mas essa não é a única semelhança com a capital paraibana, já que o apreço por áreas verdes é outro ponto em comum entre as cidades.

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É verdade que, para quem vê a cidade de fora, os parques são menos lembrados, afinal Turim tem mais de 2 mil anos e foi capital da Itália durante o trono da Casa de Saboia. Até hoje, tem monumentos belíssimos e uma atividade econômica pujante: o Produto Interno Bruto (PIB) turinense fica atrás apenas do de Roma e de Milão. Mas, para os habitantes, as áreas verdes são tradicionais e possibilitam uma das melhores qualidades de vida do país.

Turim tem cerca de 40 parques, muitos margeados pelo Rio Pó e com os Alpes suíços ao fundo da paisagem. A novidade é que, em meio à crise sanitária de covid-19, a restrição a espaços comuns e o surgimento improvável de um parque curioso tem chamado atenção.

Parques fechados por conta da política de isolamento

Conhecida pela qualidade de vida, Turim foi obrigada a fechar a circulação em áreas comuns, assim como o restante da Itália. (Fonte: Saiko3P/Shutterstock)

A Itália foi um dos primeiros países da Europa a sofrerem os impactos graves da covid-19. Ainda no primeiro semestre de 2020, todos assistiram com espanto à Itália ultrapassar a marca de mil mortos por dia, quando caminhões faziam engarrafamento no trânsito entre hospitais e cemitérios.

Mesmo diante da ineficiência brasileira em lidar com a crise sanitária, a Itália soma mais óbitos em termos proporcionais. Enquanto no Brasil morreu uma pessoa a cada mil, os italianos sofreram uma perda a cada 600 habitantes. Por isso, o país do Velho Mundo se viu obrigado a adotar políticas rígidas de lockdown, o que incluiu o fechamento de parques e de outros espaços públicos.

Ainda assim, em Turim surgiu um novo local para que as pessoas pudessem voltar a sentir a brisa no rosto após o período mais duro de restrições.

Linhas férreas abertas 

Parque linear permitiu que o centro da cidade tivesse área revitalizada e mais aberta que as ruas comuns. (Fonte: Torino Stratosferica/divulgação)

Parte da linha do bonde urbano de Turim, construída nos anos 1980, sofreu um revés em 2013 e foi desativada, então a frota migrou para um novo modelo de trem, mais pesado. Com isso, a área semiabandonada passou a conviver com gramas, plantas, arbustos e até algumas pequenas árvores, assemelhando-se ao High Line nova-iorquino, um parque suspenso de pouco mais de 2 quilômetros de extensão sobre trilhos de trem inutilizados em Manhattan (EUA). 

E por que não fazer o mesmo em Turim? Essa foi a ideia da prefeitura da cidade e da Torinostratosferica, uma associação local que se dispôs a reurbanizar os 700 metros de trilhos, transformando-os em um parque linear. Desde junho de 2020 a cidade conta com essa nova opção.

Como o trecho está localizado no centro e inclui uma ponte que cruza o Rio Pó, o trajeto se tornou muito procurado por pessoas que desejam voltar às ruas com a menor exposição possível. A corrente de ar permanente que acompanha o curso do rio foi mais do que bem-vinda.

O parque linear recebeu pequenas exposições e outros marcos que auxiliam no planejamento urbano para o pós-pandemia, e a cidade que enfrentou a Peste Bubônica no século XIV e a Gripe Espanhola há 100 anos se prepara agora para entrar no “novo normal” — com um parque linear de herança, ao que tudo indica.

Fonte: Prefeitura de Turim, Torinostratosferica

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