Se você deseja comprar um carro, há uma decisão importante a ser tomada além de marca, cor e outras características comuns, trata-se do modelo de consumo de energia. Por diversas razões de ordem prática, econômica e ambiental, cada vez mais pessoas têm abandonado veículos a combustão e optado por híbridos ou elétricos.
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A tendência de crescimento no comércio desses veículos é sólida. Mas, em termos absolutos, ainda há muito a se caminhar. Frente a quase 50 milhões de automóveis que usam álcool, diesel ou gasolina, os carros elétricos não são mais do que algumas dezenas de milhares (um a cada mil) no Brasil.
Em meio a esse cenário, especialistas, gestores públicos, empresas e consumidores têm-se deparado com um dilema: o que fazer para acelerar a transição para carros elétricos por aqui? O que falta para o Brasil transformar a matriz energética dos veículos particulares?
Acompanhe alguns dos gargalos a serem resolvidos para que o país avance na eletrificação da sua frota.
1. Preços mais atraentes
Com a palavra, os consumidores: segundo uma pesquisa realizada pela WebMotors, 87% dos brasileiros entendem que os carros elétricos são muito caros. Metade deles admite que migrar para esse modal é importante e inevitável, mas que ainda não é hora, pois essa opção ainda pesa no bolso.
Isso deve ser especialmente válido diante da pandemia da covid-19 e dos seus efeitos econômicos. Embora a precariedade das políticas sanitárias dos modais coletivos possa fortalecer o modelo de transporte centrado no carro, existe a tendência de que haja pouca margem para uma compra motivada pela consciência ambiental.
O carro elétrico mais barato vendido no País é o JAC iEV20. Trata-se de um veículo simples e funcional, para quem faz uso no cotidiano urbano em distâncias curtas. Ele custa o dobro de veículos da mesma categoria que ainda usam álcool ou gasolina.
Modelos mais encorpados, como o Bolt EV da Chevrolet, estão no mercado para provar que os veículos elétricos não deixam nada a desejar em relação aos demais. A única exceção é o preço: com o dólar nas alturas, o valor está em pouco mais de R$ 260 mil.
Essa, aliás, é a mesma situação no país da McLaren. Um estudo do RAC Serviços Automotores, da Inglaterra, indicou que 8 em cada 10 motoristas achavam os veículos elétricos muito caros. Em razão disso, menos de 10% deles pretendiam comprar um carro com essa característica em sua próxima aquisição.
Bom, se mesmo os ingleses que têm uma moeda valorizada apresentam reservas quanto ao preço, não é difícil de entender por que os brasileiros se comportam com cautela diante da novidade.
2. Mais incentivo público ao modal
Em entrevista ao portal Consumidor Moderno, Alexander Vieira Roca Ortega, CFO da Webmotors, revelou que a infraestrutura para os veículos elétricos ainda é tímida no País. A ausência de postos de recarga ilustra a dificuldade em apostar nesse modal em definitivo.
“Ainda existem algumas barreiras que separam a intenção da consolidação da compra dos carros elétricos no Brasil, principalmente o preço e a falta de infraestrutura para o abastecimento de energia”, ele opinou.
Além disso, as políticas fiscais são tímidas. O Paraná, por exemplo, isenta o imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) de quem opta por ter um carro elétrico. Mas, diante do valor do carro, trata-se de um aceno com pouca influência na tomada de decisão real do consumidor.
Por isso, o foco está na etapa anterior ao consumo: a produção. É importante que haja mais modelos disponíveis, com preços mais acessíveis, de forma a facilitar o acesso e criar uma rede maior de usuários.
Em âmbito federal, há duas iniciativas que se destacam no Congresso. Uma delas é o Projeto de Lei (PL) 3174/20, de iniciativa do deputado maranhense Marreca Filho, que prevê corte de impostos, troca da frota das entidades do serviço público federal e a criação de linhas de crédito voltadas à produção desses veículos. A outra é o PL 5308/20, proposta pelo paranaense Luiz Nishimori, que também deseja diminuir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Hoje, os veículos elétricos pagam de 7% a 9% de IPI, e os híbridos, de 7% a até 20%. Se essas propostas forem autorizadas, o setor tende a se tornar mais competitivo no cenário de venda de automóveis.
Fonte: Insidevs, Chevrolet, Consumidor Moderno, Jornal do Carro.
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