A crescente queda no uso de motores a combustão e o aumento da eletrificação dos carros estão sendo observados em todo o mundo. No mercado nacional, enquanto as vendas totais de veículos apresentaram redução de 26% em 2020, o emplacamento de carros elétricos bateu novo recorde, registrando crescimento de 66,5% em comparação a 2019.
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Com mais de 40 mil unidades em circulação, o mercado de eletrificados chegou a 1% do mercado total pela primeira vez na série histórica da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), iniciada em 2012. Apesar disso, os carros elétricos ainda não são baratos, sobretudo quando comparados aos veículos a combustão.
O modelo mais em conta disponível no País, o JAC iEV20, não é encontrado por menos de R$ 139 mil, o que torna a aquisição difícil para o brasileiro médio. Entre as principais barreiras para a popularização, estão o custo com as baterias, a falta de incentivos governamentais e a cobrança de altos impostos.
A bateria dos carros elétricos
A bateria representa entre 25% e 40% do custo da fabricação de carros elétricos, mas isso deve mudar em curto prazo, de acordo com um estudo do banco de investimento UBS. A instituição realizou uma pesquisa com base em análises detalhadas de baterias dos sete maiores fabricantes do mundo para estimar quando esses componentes poderão ficar significativamente mais baratos.
A diferença entre o custo de fabricação de motores elétricos e seus equivalentes de combustível fóssil será de apenas US$ 1,9 mil por carro em 2022, segundo o banco. No mesmo ano, o UBS espera que os custos da bateria caiam para menos de US$ 100 por quilowatt-hora (kWh) — um marco importante, pois eliminaria a necessidade de veículos elétricos híbridos.
A paridade no preço entre os dois modelos enérgicos de propulsão será alcançada em 2024, o que deve acelerar as mudanças. Em todo o mundo, o UBS estima que a participação de mercado dos carros elétricos alcançaria 17% em 2025; em 2030, os veículos com motores elétricos poderiam representar 40% das vendas globais.
Impostos mais baratos
A ABVE defende impostos mais baratos para tornar viável a mudança energética na mobilidade brasileira. Enquanto o setor elétrico recebeu subsídios estatais para crescer na Europa e na China, o Brasil segue na contramão mundial. Em janeiro de 2021, o governo do Estado de São Paulo retirou a alíquota diferenciada de 3% do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para carros novos movidos a combustível não fóssil, como os elétricos e os híbridos, e motores exclusivamente a etanol ou a gás.
Além disso, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos eletrificados é mais alto que a alíquota da maioria dos veículos comuns. Um carro flex 1.0 a combustão custa 7% de IPI, e um veículo elétrico ou híbrido, apesar de mais eficiente e não poluente, tem cobrança de 13% ou mais, de acordo com a ABVE.
A associação defende que o IPI dos carros elétricos e híbridos seja zerado, mas reconhece que o pagamento de uma alíquota básica igual à da maioria dos veículos do mercado é um avanço não somente de eficiência energética, mas também de política de saúde pública.
O que o futuro reserva?
Por enquanto, não existe previsão exata de quando o preço de venda dos carros elétricos realmente será menor. A maioria dos especialistas do setor automobilístico estima que isso poderá acontecer em algumas partes do mundo a partir de 2025, apesar de alguns mais otimistas apostarem já em 2022.
No contexto brasileiro, a oferta de veículos eletrificados está crescendo, enquanto novos serviços como a locação desses carros e a infraestrutura de carregamento (inclusive em estacionamentos) também estão sendo ampliados. Mas isso não reflete menor custo para o consumidor final na compra. O cenário no País ainda é bastante incerto por falta de uma política pública clara tanto para a regulação quanto para o incentivo ao setor.
Fonte: ABVE, The Guardian, UBS Investimentos, Jornal do Carro, Tesla
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