Tóquio, capital do Japão, é considerada uma cidade moderna e tecnológica. No entanto, seu passado é marcado por diversos problemas urbanos. Sua organização atual só começou a ser pensada com a aproximação dos jogos olímpicos de 1964, no qual a metrópole foi escolhida para sediar o evento.
Antes disso, o Japão estava sofrendo com o pós-guerra que tinha devastado a nação. Foi em 1959, quando o país venceu a candidatura para a Olímpiada de 1964, que as autoridades japonesas viram uma grande chance de utilizar o evento para mostrar ao mundo seus desenvolvimentos tecnológico e econômico.
Dessa forma, o cenário precário com sistemas de esgotos insustentáveis, água potável de baixa qualidade, má rede de estradas e casas frágeis feitas de madeiras começou a ser repensado pelos urbanistas.
O governo então acelerou os investimentos na reforma das estradas, que impactou diretamente no tráfego da cidade e melhorou os sistemas de tratamento de água. O metrô foi expandido, diversos prédios altos começaram a surgir por todo canto da cidade e banheiros com descarga estilo ocidental foram implantados.
Segundo Shunya Yoshimi, autor do livro Olimpíadas e Pós-guerra, o slogan dos Jogos Olímpicos de 1964, “mais rápido, mais alto, mais forte” acabou refletindo o próprio momento em que o país vivia. “Ele se tornou também um grande slogan para o governo japonês, que lutava para que Tóquio fosse uma cidade mais rápida, mais alta e mais forte”, ele escreveu.
De acampamentos americanos aos bairros cobiçados
Na época, como a metrópole ainda era marcada por dezenas de acampamentos do exército norte-americano, a chegada da Olimpíada permitiu que o Japão pressionasse os Estados Unidos a fazer a devolução de seus territórios tomados durante a guerra. Então, foi assim que o governo japonês conseguiu de volta as terras que faziam parte do acampamento Washington Heights, localizado em uma região privilegiada da cidade.
Assim, os organizadores do evento utilizaram o local para a construção da Vila Olímpica e do Ginásio Nacional. Rapidamente, toda a área em volta dos prédios foi sendo desenvolvida em prol das olimpíadas.
Surgiram lojas, redes de negócios, mercados, bares, restaurantes e diversos hotéis de luxo. Além disso, a emissora japonesa NHK construiu uma nova sede nas proximidades para cobrir todo o evento.
Atualmente, os bairros ao redor do local (Shibuya, Yoyogi e Harajuku) são altamente cobiçados, principalmente pelo público mais jovem, que está em busca de uma localização central e que ofereça uma boa qualidade de vida.
Urbanismo e Olimpíada 2020
Para a Olimpíada 2020, as mudanças urbanas em Tóquio foram muito menos agressivas. O governo melhorou a acessibilidade para as pessoas com cadeiras de roda e mobilidade reduzida, redirecionou o rio Shibuya, transformou o grande parque Miyashita em um shopping center e instalou um grande calçadão para pedestres no centro da cidade.
Projetos mais ousados, como a reconstrução do Estádio Nacional, foram analisados pelas autoridades japonesas. Porém, após a pressão popular que questionava os custos das obras, os urbanistas focaram em resolver problemas específicos de Tóquio.
Fonte: Bloomberg.