Fase difícil

Transporte coletivo "pede socorro"

Entenda por que o setor vive um dos momentos mais desafiadores da história

Há alguns anos, o modelo de financiamento de serviços de transporte vem sendo questionado. Ao depender de tarifas, o setor pode ficar vulnerável a impasses como a pandemia de covid-19, que, nos últimos dois anos, afastou muita gente de ônibus, trens e metrôs, devido ao medo de aglomerações.

Estrutura frágil

Outro ponto importante é a concorrência com serviços de aplicativo, que se acentua desde meados de 2016. É comum, em muitas cidades, especialmente as de porte médio, usar o carro para se deslocar por compensar muito mais do que ficar esperando em um ponto de ônibus e ainda correr o risco de encontrá-lo lotado.

E aí entra outro "nó": como concorrer com o conforto de um app de mobilidade, criando novas facilidades, quando o dinheiro é menor do que nunca?

Enquanto greves, cortes e precarização do trabalho sintetizam esse contexto, iniciativas como o Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT) defendem propostas como o Sistema Único de Mobilidade, uma espécie de Sistema Único de Saúde (SUS) da mobilidade urbana.

Repensar o modelo

Também volta à tona o debate da tarifa zero, que ganhou força no início dos anos 1990, na voz do engenheiro e ex-secretário de transportes de São Paulo Lúcio Gregori.

Na visão do especialista, ajustar o modo de recolhimento de impostos do município pode ajudar a levantar um bom dinheiro para o financiamento de um transporte público gratuito e de qualidade. Afinal, ir e vir é um direito de todos, tal qual a saúde e a educação, que são oferecidas gratuitamente pelo Estado.

A gratuidade no transporte também tem sido adotada em várias cidades brasileiras para atrair pessoas que se afastaram de ônibus e trens durante a pandemia. Em alguns casos, a medida vem de forma temporária, mas, em outros, definitiva.

Cabe lembrar que esse impasse não é vivido apenas no Brasil. Durante a pandemia, o metrô de Nova York chegou a pedir um auxílio de US$ 12 bilhões a Washington para seguir mantendo as operações. Ao que parece, o momento pede saídas urgentes em âmbito mundial.

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