O que você diria de uma via pública que, em vez de ser pensada exclusivamente para carros ou pedestres, tivesse ambas as funções e ainda comportasse bicicletas, patinetes e outros modais? Essa é aposta dos especialistas e gestores públicos que defendem o uso de ruas compartilhadas. Trata-se de uma proposta que tem por objetivo horizontalizar o acesso ao espaço da cidades que hoje destinam a maior parte das vias para carros.
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Para se ter uma ideia de como isso é real, basta observar como a falta de calçadas amplas é comum. Na maior parte das vias, se o espaço para carros for desconsiderado, sobram apenas pequenas margens para as pessoas que transitam a pé ou de bicicleta.
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É verdade que os motoristas de veículos automotores precisarão de uma dose de paciência a mais, mas este é justamente o objetivo: fazer da mobilidade ativa uma opção mais interessante está no centro da aposta das vias compartilhadas.
Entre os especialistas em urbanismo há um consenso sobre o fato de que a forma como o espaço urbano é ocupado hoje, centrado no automóvel, merece revisão. O conceito permite que a rua ganhe vida com comércio, arte e circulação de pessoas sem ser taxativo quanto a carros, que são admitidos, diferentemente do que ocorre nos calçadões para pedestres. O que a via compartilhada determina é que os veículos devem se adaptar ao ritmo de quem transita a pé.
Características
Para que as vias compartilhadas sejam efetivadas, é necessário arquitetar o espaço urbano para que seja convidativo e didático. Confira algumas das mudanças necessárias.
1. Superfície
É prudente que haja sinalização no chão em cor específica na entrada de áreas compartilhadas. É bom que não exista desnível nem diferença de material entre a calçada e a rua: o pedestre é convidado a andar em qualquer local da via.
2. Iluminação
Luz tênue e abundante é uma forma interessante de tornar esses espaços mais convidativos à circulação em ritmo lento. Além disso, auxilia na visualização das marcações e sinalizações por parte dos motoristas.
3. Mobiliário urbano
Bancos, parquinhos e aparelhos de ginástica para idosos são formas de tornar o trajeto menos linear e convidar o pedestre a fazer da via, que até então servia como meio, um fim em si mesma. Espaço para instalações artísticas também é bem-vindo.
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Outra sugestão interessante é colocá-las ao longo da rua de forma a evitar trajetos retilíneos: isso desmotiva carros, motocicletas e até mesmo bikes a andarem em alta velocidade e permite que a rua seja desfrutada de forma mais rica por pedestres.
4. Arborização
Menos espaço para escapamentos traz outro ganho: mais espaço para o verde. Melhorar o paisagismo com plantas e incluí-las no horizonte é uma ótima forma de tornar a rua mais convidativa.
5. Políticas transversais
Essas alterações podem fomentar uma nova vivência em relação à via compartilhada, mas isso será ainda mais efetivo se outras ações auxiliarem na revitalização do espaço. Políticas de moradia são um exemplo. Se houver um plano municipal para a ocupação de imóveis ociosos, é possível garantir mais segurança e uma vivência mais orgânica da região. Mais pessoas morando aproximam comércios que geram emprego e renda na região e auxiliam a circulação.
Fonte: SampaPé
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