Em diversos municípios brasileiros, crianças com até sete anos de idade não precisam pagar a passagem do transporte público. Porém, diferentemente de outros grupos que também são isentos, como os idosos acima de 65 anos, na maioria das cidades não existe um bilhete único ou cartão transporte direcionado a elas para facilitar o acesso.
Dessa forma, as crianças não podem rodar a catraca e por isso precisam passar por situações constrangedoras para acessar o transporte, como passar por debaixo delas, no chão. Essas situações são humilhantes, pois além de sujar as roupas, facilitam acidentes, visto que os motoristas muitas vezes não esperam os passageiros se acomodarem para seguir viagem.
É por isso que muitas pessoas defendem a criação de um bilhete único infantil para facilitar o acesso ao transporte público de forma digna. Ele não iria incidir no aumento do custo para as prefeituras, visto que esse grupo de pessoas já têm a gratuidade da passagem nos municípios.
Desde 2009, algumas cidades brasileiras tomaram a iniciativa e criaram meios para resolver esse problema.
Cidades brasileiras que aderiram ao bilhete único infantil
Em 2017, um projeto de lei de autoria do vereador Jair Tatto (PT) visava instituir na cidade de São Paulo o Bilhete Único Infantil para crianças entre três e cinco anos de idade. O projeto, no entanto, está em tramitação até hoje segundo o site Radar Municipal, que faz o acompanhamento das atividades da Câmara Municipal de São Paulo.
Recife tem o cartão VEM Infantil desde 2009, permitindo que as crianças girem a catraca ao acessarem o transporte público. O benefício abrange o público infantil de até seis anos de idade.
O Distrito Federal foi outro município que lançou, em 2018, um cartão para que as crianças utilizem o transporte público. O cartão +Criança Candanga é concedido para todos com idades entre três e cinco anos. Outras cidades, como Guarulhos e Fortaleza, também lançaram os cartões para esse grupo.
Transporte público retrata a desigualdade
A criação de um bilhete único infantil também é importante para “igualar” as oportunidades de acesso à cidadania. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2013, revelou que a camada mais pobre da população é a que mais sofria com problemas de mobilidade urbana.
Em 2020, o instituto realizou um novo estudo e mostrou que sete anos depois, o cenário continua o mesmo. A falta de investimentos no transporte público ajudam a ampliar a desigualdade social que o Brasil apresenta, interferindo no acesso a oportunidades, além de desestimular o uso do transporte, mesmo que para alguns seja a única opção.
Fonte: Radar Municipal, Câmara Municipal de São Paulo, Grande Recife, Bilhete Único Brasília.
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