Um estudo recente realizado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) revelou que os acidentes de moto cresceram expressivamente durante a pandemia. Em comparação, foram analisados números de internações de motociclistas envolvidos em acidentes de trânsito entre 2012 e 2021.
De março de 2020 até julho deste ano, último mês averiguado pelo estudo, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 167 mil internações de motociclistas em todo o País. Para os cofres públicos, isso significou um impacto de R$ 279 milhões.
Os estados que mais apresentaram esses incidentes se concentram nas regiões Nordeste e Sudeste, com destaque para a Bahia e São Paulo. Nestes, os números de internações ficaram acima da média nacional.
Além disso, o estudo mostrou que 80% dos acidentes de moto têm homens na condução do veículo. A faixa etária mais atingida está entre motociclistas de 20 a 29 anos, sendo responsáveis por mais de 35% dos registros. Em seguida, estão as pessoas entre 30 e 39 anos, correspondendo a 24% dos internamentos.
Aumento da velocidade
Segundo especialistas, o aumento da velocidade dos automóveis durante a pandemia pode estar relacionado com o número de acidentes de moto. Como o isolamento social retirou parte da população das ruas, diversos condutores começaram a aumentar a velocidade dos seus veículos e a desrespeitar regras de trânsito.
Dados do World Resources Institute (WRI) revelam que o mesmo ocorreu em diferentes cidades do mundo. Porto Alegre, Goiânia, Toronto e Nova York viram seus números de multas por excesso de velocidade crescerem consideravelmente desde o início do ano passado.
O boom dos serviços de delivery na pandemia também pode ajudar a explicar esse contexto. Mais trabalhadores na rua, com entregas a serem feitas rapidamente, em meio a espaços propícios para o aumento da velocidade, são um “prato cheio” para acidentes.
Medidas de intervenção são necessárias para redução de acidentes de moto
Para reduzir o número dos acidentes de trânsito, é necessário que os governos locais apliquem algumas medidas vistas por especialistas como primordiais. Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já tinha sugerido aos líderes mundiais que adotassem limites de velocidades em vias urbanas e áreas escolares. Um ano depois, mais de 90 países tinham acatado a recomendação.
No Brasil, algumas cidades também têm-se movimentado para aumentar a segurança de suas ruas. Desde 2020, Curitiba vem instalando radares e placas nas principais vias do município.
A mudança do desenho das cidades, com ruas inteligentes que buscam diminuir as possibilidades de acidentes entre veículos, e a implantação de ciclovias em toda sua extensão são outros pontos a serem considerados.
Com infraestrutura adequada e promoção no uso de meios de transportes alternativos, como bicicletas e patinetes, o número de acidentes tende a baixar, visto que muitos cidadãos podem passar a realizar atividades do dia a dia a partir desses veículos. Esses são apenas alguns dos caminhos em direção a cidades seguras e inteligentes.
Fonte: Scribd, WRI.