Segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), mais de 60% das cargas do país e mais de 90% dos deslocamentos de passageiros do Brasil são feitos por rodovias. Ainda assim, muitas rodovias brasileiras sofrem com o descaso das autoridades. O desgaste natural e a falta de investimentos em manutenção e melhorias fazem alguns trechos apresentarem perigo à vida de motoristas e passageiros.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes de trânsito estão entre as principais causas de morte no mundo. No Brasil, de acordo com a administradora de seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), os acidentes matam mais do que crimes violentos em dez estados.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em conjunto com Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) mostrou que, em 2020, os custos de acidentes em rodovias federais no Brasil alcançaram a marca de R$ 10,22 bilhões. Em comparação, no mesmo ano, o investimento em manutenção e adequação das rodovias no País foi de R$ 6,74 bilhões.
Medidas de seguranças nas rodovias
Na década de 1960, os Estados Unidos e a Holanda criaram políticas e estudos que pudessem diminuir o número de fatalidades. Com isso, surgiu o conceito forgiven roads (“estradas que perdoam”).
O termo se refere às medidas que devem ser implantadas em rodovias para que elas “perdoem” os erros humanos e mecânicos no sentido de prever algo que poderia acontecer. É algo próximo à ideia do visão zero, conceito sueco que reconhece que erros humanos são comuns e devem ser previstos no planejamento da mobilidade.
Uma série dessas medidas se tornou práticas adotadas em diversos países. No Brasil, o CNT divulgou um documento com o nome Rodovias Que Perdoam, o qual contempla várias dessas práticas.
A principal característica de garantia de segurança para as rodovias é a manutenção da qualidade do pavimento. Ele não deve apresentar irregularidades e precisa ter uma boa aderência, pois as derrapagens estão entre as principais causas de acidentes, principalmente em pistas molhadas.
Defesas laterais, como as metálicas — comuns no Brasil —, e as barreiras de concreto (conhecidas como barreiras New Jersey) são outros fatores que garantem a segurança em rodovias. Esses artifícios são importantes para evitar que veículos e outros objetos invadam a pista e também para diminuir o impacto em casos de colisão ou saída de veículos da estrada. Apesar da sua importância, uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte de 2019 mostrou que apenas 11,3% da extensão dos trajetos pesquisados contavam com a proteção nas rodovias federais.
Medidas mais modernas alertam sobre a importância da geometria das pistas. Características como a largura das faixas e do acostamento, alargamento e a inclinação em curvas, e a declividade dos taludes (superfície inclinada artificialmente ao lado das pistas) são poderosos auxiliares na redução da quantidade de acidentes e fatalidades.
Atualmente, essas medidas são exigências do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e utilizadas em rodovias brasileiras. Além disso, algumas estratégias, como as superelevações nas curvas e os sonorizadores (dispositivos instalados na pista que geram efeitos sonoros e vibratórios para alertar os motoristas), começam a ser realidade no Brasil.
Medidas de segurança dos motoristas
Com a chegada do fim do ano, o movimento nas rodovias aumenta, e o número de acidentes também. A hora é de redobrar os cuidados e observar as práticas sugeridas por órgãos oficiais para aumentar a segurança.
Sempre que possível, procure viajar em horários de menor movimento. Quando isso não for uma opção, saia com calma, ciente dos problemas que engarrafamentos e acidentes podem causar.
Não se esqueça de fazer uma revisão no carro antes das viagens e esteja sempre descansado. Em viagens longas, o ideal é poder ter outra pessoa que possa assumir a direção em caso de cansaço ou outras emergências. Lembre-se de se manter hidratado e alimentado para evitar desmaios ou sensação de mal-estar enquanto dirige.
Fonte: Redalyc, Blog Logística, CNT, Estradas, On the roads trends, PPS.