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Conheça o projeto que auxilia cegos no transporte público

Senior blind man with white cane getting on public transport in city.

Um programa desenvolvido por estudantes de um curso técnico de Logística virou Projeto de Lei (PL) 251/2019 em Santos, no litoral de São Paulo.  A proposta dos alunos da Escola Técnica Estadual Dona Escolástica Rosa busca auxiliar passageiros cegos no transporte público por meio de elementos sonoros e foi implantada na cidade.

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As estudantes Carla da Silva Ribeiro, Juliana Entenza Santos e Rúbia do Amaral Ferreira Conceição, motivadas pela entrada de um colega deficiente visual na turma, elaboraram uma proposta que consiste em um aparelho transmissor com dispositivo GPS. Funciona assim: o deficiente visual recebe de um órgão público um aparelho em que são cadastradas as linhas selecionadas; quando o passageiro chega ao ponto de ônibus, um alerta é enviado ao motorista assim que o veículo se aproxima do local e indica a necessidade de acionar o alto-falante que comunica o nome da linha.

Deficientes visuais buscam independência em seus deslocamentos. (Fonte: Shutterstock)

O dispositivo transmite, em tempo real, informações como o nome da rua e pontos de referência, tudo graças ao GPS. O projeto foi desenvolvido após diversas pesquisas com instituições que atendem cegos.

Segundo o coordenador do curso técnico de Logística, José Angelo Justo Alvarez, o projeto foi essencial para que as alunas pudessem compreender a importância da luta do deficiente visual pela autonomia, já que o cego “depende de outra pessoa para usar o transporte público, por não ter a informação exata sobre a sua localização”.

O trabalho sobre acessibilidade também recebeu destaque no XI Congresso Brasileiro de Iniciação Científica (Cobric) da Universidade Santa Cecília (Unisanta).

Projetos de mobilidade urbana para deficientes visuais Brasil afora 

As estudantes da Etec de Santos realizaram diversos estudos sobre dificuldades enfrentadas pelos deficientes visuais e sobre sistemas que já são utilizados em ônibus, trens e metrôs de outras cidades.

No Brasil, há cerca de 35 milhões de pessoas com deficiência visual. (Fonte: Shutterstock)

Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), cerca de 35 milhões de pessoas no Brasil têm alguma deficiência visual, daí a necessidade de tornar o transporte público mais acessível e seguro.

Ainda de acordo com a NTU, desde 2008 os ônibus saem das fábricas já seguindo todas as normas determinadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): espaços reservados para quem estiver acompanhado do cão-guia, assentos preferenciais e indicações táteis no interior dos veículos.

Novas soluções também são desenvolvidas todos os dias, como aplicativos de mobilidade específicos e placas em braile com dados sobre as linhas de ônibus instaladas nos pontos e terminais.

Em Curitiba, Paraná, foi realizada, em 2018, uma reunião entre os representantes da Assessoria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (PcD) e da Urbanização de Curitiba (Urbs) para definir ações que já eram previstas por lei em relação à presença de cães-guia no transporte público. Uma orientação geral reforçou a importância da capacitação dos profissionais atuantes nos ônibus da cidade e de uma melhor fiscalização para o cumprimento da lei.

Em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, também em 2018, foi colocado em prática um projeto que disponibilizava as informações do ponto de ônibus em braile. A ideia surgiu a partir do universitário Cristiano Torres da Silva, com 132 pontos sendo equipados apenas naquele ano.

Na capital gaúcha, o diretor executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) garante que quase 80% da frota de ônibus tem acessibilidade: “O nosso transporte é de massa, portanto é para todos e, como tal, deve ser acessível. É muito satisfatório contribuir com uma iniciativa tão importante para a cidade”.

Em Natal, a Sociedade dos Cegos do Rio Grande do Norte (Socern) conseguiu, por meio de uma solicitação à Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal e do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Natal, que um sistema sonoro fosse instalado nas catracas dos ônibus da capital.

De acordo com Ronaldo Tavares, presidente da Socern, o sistema da catraca identifica quando um cartão pertencente a um deficiente visual é passado, sinalizando com dois bips em vez de apenas um sinal visual. “Isso facilita a nossa locomoção e garante autonomia e independência. É de um alcance social inestimável”. As mudanças citadas foram capazes de transformar os sistemas de transporte, que agora têm inclusão e acessibilidade.

Fontes: Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, Cidade de São Paulo, Mobilize Brasil.

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