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Crise no transporte público de Teresina completa um ano

BRAZIL - JANUARY 10, 2019: the second official sign of the city of Teresina in Piauí

Os moradores de Teresina, capital do Piauí, têm enfrentado uma prolongada crise no transporte público da cidade. Desde março de 2020, foram oito greves e inúmeras paralisações por parte dos trabalhadores do sistema. 

Desde então, o município não conta com qualquer ônibus circulando pelas ruas de forma regular, e o serviço de transporte coletivo é feito por vans e micro-ônibus sem fiscalização. A alternativa de transporte opera sem condições de higiene e foge de qualquer recomendação dada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a proliferação do coronavírus.

Histórico da paralisação do transporte coletivo

Ônibus municipais não têm circulado por Teresina. (Fonte: Shutterstock)

Apesar da pandemia ter colaborado para o agravamento da crise no transporte público de Teresina, os problemas são de longa data. Em 2008, a Prefeitura lançou o primeiro Plano Diretor de Transportes e Mobilidade Urbana do município, com promessas de implantar um sistema moderno com integração dos transportes da cidade até 2015. No entanto, o plano acarretou uma crise financeira.

O modelo, inspirado no sistema de ônibus de trânsito rápido (BRT) de Curitiba, contou com um orçamento de R$ 460 milhões em obras. Na época do anúncio do projeto, protestos da população alegavam que o novo sistema geraria impactos ambientais e desperdiçaria dinheiro público, sem resolver o problema da mobilidade urbana na região.

Desde então, Teresina passou a ter uma das tarifas de ônibus mais caras entre as capitais do Norte e do Nordeste — chegando a R$ 5,05 em 2021. Porém, isso não foi o suficiente para manter a frota com a manutenção em dia, tampouco os direitos e os benefícios dos funcionários do sistema de transporte da cidade.

Auditoria de contratos

Em meio à crise, o transporte público de Teresina opera longe de condições ideais de higiene. (Fonte: Marcos Casiano/Shutterstock)

Em 2014, a Superintendência Municipal de Transportes (Strans) definiu que o mesmo consórcio de empresas que já administrava o transporte coletivo da cidade continuaria responsável por comandar as operações.

Em março deste ano, o Ministério Público do Piauí (MP-PI) solicitou uma auditoria dos contratos em vigência no transporte coletivo de Teresina. Segundo o órgão, o objetivo da auditoria é verificar os contratos firmados pelo poder público da capital e as concessionárias de ônibus, para avaliar os pontos que têm atrapalhado o equilíbrio financeiro do sistema.

De acordo com um comunicado oficial do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Setut, um dos fatores que causam o desequilíbrio de contas é a quantidade de gratuidades aplicadas pelo município. No relatório, o Setut mostrou que 44% dos usuários de transporte público teresinenses são isentos de tarifas, o que faz a cidade deixar de arrecadar R$ 3 milhões por mês. 

Sem aporte de recursos da União e com os efeitos da crise gerados pela pandemia de covid-19, o vice-presidente do Setut, Marcelino Lopes, destacou que não é contra as medidas de gratuidades e meia-passagem, mas que elas têm corroborado com o agravamento da crise — até então, sem fim previsto.

Fontes: Mobilize, GP1, Diário do Transporte

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