O domínio do carro forçou os pedestres a ficarem apenas com uma parte relativamente pequena da rua; e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), eles são as maiores vítimas dos acidentes de trânsito.
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Além do custo humano e social, essa violência tem um impacto profundo na qualidade de vida nas cidades, inibindo a participação dos cidadãos, em especial daqueles com mobilidade reduzida. Dessa forma, estabelecer ruas seguras é um passo fundamental para garantir a inclusão social no cenário urbano.
Direito ao espaço público
O acesso ao espaço público é um direito civil de todos, não apenas de pessoas jovens e sem deficiência. Ao restringir o direito à cidade, são retiradas oportunidades de emprego, estudo, lazer e convívio social, comprometendo o exercício da cidadania plena.
Ruas seguras e completas
É crescente o interesse pelo conceito de ruas completas, que são vias projetadas para permitir o acesso seguro para todos os usuários, incluindo pedestres, ciclistas, motoristas e passageiros de transporte público de todas as idades.
O princípio de ruas completas incorpora uma infraestrutura verde e separa com segurança pedestres, ciclistas, veículos e transporte público com estratégias proativas para reduzir comportamentos de direção imprudente. Essa abordagem retira propositalmente a distinção entre calçada e rua, forçando todos os usuários, em especial os motoristas, a diminuir a velocidade e prestar mais atenção.
Diretrizes para mobilidade inclusiva
Para facilitar a inclusão de pessoas por meio da mobilidade urbana, a Sociedade Americana de Arquitetos Paisagistas (ASLA) lançou um guia com diretrizes de design universal para bairros, ruas, parques, praças e outros projetos. As orientações fornecem dicas para a criação de ruas multimodais (ou completas) resilientes que podem ajudar a diminuir o tráfego de carros e aumentar as capacidades de transporte sustentável na cidade.
As indicações da ASLA especificam calçadas largas para permitir espaço suficiente para que quem usa cadeiras de rodas possa se mover ou descansar e para que as pessoas que usam a linguagem de sinais consigam se encarar e se comunicar sem impedir a passagem de pedestres.
Ruas acessíveis também oferecem assentos e padrões visuais que os usuários possam entender facilmente. As melhores práticas sugeridas incluem áreas completas de socialização com sombra e espaços fechados de refúgio para pessoas com problemas de processamento sensorial.
O guia ressalta que a infraestrutura verde não apenas fornece habitat para a vida selvagem e reduz o efeito da ilha de calor mas também amortece o ruído da rua e diminui o brilho dos edifícios circundantes. Além disso, facilita a percepção de referências visuais reconhecíveis e contínuas, o que é útil para deficientes auditivos.
Fonte: Curbed, Senado, Asla
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