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Qual será o futuro do transporte coletivo após o fim da pandemia?

Ciclista na ciclofaixa e carros em segundo plano

O transporte público coletivo está em crise há alguns anos no Brasil. Segundo uma estimativa realizada em 2016 pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), por dia em torno de 3 milhões de passageiros já deixavam de usar esse tipo de serviço no País.

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A pandemia do novo coronavírus agravou ainda mais o quadro das empresas de transporte, pois obrigou a população a sair menos de casa e buscar meios alternativos de deslocamento para evitar aglomerações e o risco de transmissão. Dados atuais da NTU indicam que, por causa da doença, 80% dos passageiros deixaram de usar o transporte coletivo no Brasil, o que equivale a cerca de 32 milhões de pessoas diariamente.

Para tentar salvar essas empresas da falência e assegurar o transporte dos cidadãos, tramita no Congresso um projeto de lei que prevê auxílio de R$ 4 bilhões para o setor. Municípios e estados receberão recursos para repassar às concessionárias sob a forma de créditos eletrônicos de passagem equivalentes ao valor da tarifa de cada localidade. 

Modelo de gestão

Transporte coletivo já estava em crise antes das medidas de isolamento social. (Fonte: Pexels)

Segundo artigo das professoras da Universidade de São Paulo (USP) Paula Santoro e Raquel Rolnik para a revista LabCidade, há um problema estrutural no modelo de gestão do transporte público que nada tem a ver com a pandemia. O padrão atual de remuneração do serviço baseado no pagamento de tarifa pelos passageiros precisa ser modificado.

Para as especialistas, esse sistema é responsável por dois problemas. O primeiro é a exclusão progressiva da população do acesso ao transporte conforme o aumento nas tarifas, que sobem ano a ano, comprometendo a renda das famílias. O segundo é que condiciona o lucro das empresas de ônibus à quantidade de passageiros por viagem; ou seja, quanto mais lotados estão os carros, mais as companhias lucram.

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Para garantir um sistema acessível e de qualidade durante e após a pandemia, seria necessário que as prestadoras fossem remuneradas pelo custo da viagem por quilômetro, e não por passageiro, como explicam as especialistas: “Aceitar que o transporte público não tenha qualidade, siga lotado, e com isso deixe de ser utilizado (ainda assim custando muito para o poder público) significará uma migração em massa da população para transportes individuais — carro e moto, principalmente —, condenando nossas cidades a um modelo rodoviário poluente, que mata, que é insustentável em termos ambientais e inacessível para grande parte da população”.

Carro particular é preferência

O automóvel deve ser o meio de transporte mais usado com o fim da pandemia de coronavírus. (Fonte: Pixabay)

Um levantamento realizado pelo NZN Intelligence e oferecido pelo Summit Mobilidade Urbana 2020 Estadão mostra que o carro particular deve ser o modal mais usado quando a pandemia chegar ao fim. Dos mais de 3 mil entrevistados, 48% disseram que pretendem usar o veículo próprio como principal meio de locomoção ao término do isolamento social.

Uma das hipóteses para esse número é a preocupação com a segurança sanitária. Para 78% dos respondentes, as cidades e as empresas de transporte coletivo não estão aptas a garantir a segurança da saúde dos passageiros após o período de crise sanitária.

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O medo de aglomerações também deve levar muita gente à mobilidade ativa, mesmo com o fim das medidas de isolamento social. Segundo a pesquisa, 25% querem se deslocar especialmente a pé e 13% pretendem lançar mão da bicicleta própria.

Plano de ação

Para continuar garantindo o direito ao transporte dos brasileiros, o auxílio financeiro não será o bastante para mitigar os efeitos da crise. Um plano de ação elaborado pelo arquiteto Anthony Ling e pelo consultor em planejamento de transportes e mobilidade Marcos Paulo Schlickman enumera as mudanças necessárias para evitar o colapso do transporte coletivo após a pandemia.

Além da alteração no modelo de gestão citada, a otimização das vias para melhorar o fluxo de veículos, a integração do transporte coletivo com os meios ativos e a regulamentação do transporte coletivo alternativo são algumas das medidas que deverão ser executadas o quanto antes.

Fontes: LabCidade, Caos Planejado, WRI Brasil, Câmara dos Deputados, Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU)

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