O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) define o trânsito como a utilização de vias por pessoas, veículos e animais para fins de circulação, estacionamento e operações de carga e descarga. Ainda segundo a lei, as condições seguras de trânsito são direito e dever de cada cidadão.
Apesar disso, é comumdisso é comum ver a palavra trânsito sendo usada para se referir apenas à circulação de veículos, e não há surpresa nesse erro, pois há muito tempo a maioria das cidades foca apenas na circulação de carros.
Qualquer grande cidade do mundo já é prova de que esse sistema é esgotável. Nos centros urbanos, a queima de combustíveis fósseis é a maior causa de poluição e emissão de gases causadores do efeito estufa.
Além disso, as grandes metrópoles chegam a um número de veículos por habitante que impossibilita a boa circulação do tráfego. No Brasil, por exemplo, Recife, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e São Paulo aparecem na lista das 60 cidades com os piores trânsitos do mundo.
Realidade brasileira no trânsito
Um estudo do Congresso de Mobilidade Urbana 2019 mostrou que, em média, os brasileiros que vivem nas grandes cidades perdem 2 horas e 7 minutos por dia no trânsito, isso soma um total de 32 dias por ano dentro de carros ou ônibus.
O deslocamento também reflete a desigualdade social. Segundo a pesquisa, pessoas das classes E e D perdem até 130 minutos por dia no trânsito, enquanto a classe A, cerca de 94 minutos. Isso é um reflexo socioespacial, em que indivíduos mais pobres vivem em regiões mais afastadas dos centros e precisam fazer o translado com ônibus, trem ou metrô.
Quando se analisa o sucateamento do transporte público não é de se admirar que a frota automobilística do País seja tão alta, o carro é visto como a única opção viável das pessoas para ter mais conforto e perder menos tempo em deslocamento.
Alternativas no trânsito
Uma pesquisa de 2019, realizada nas cinco regiões do País pelo Instituto Ipsos e pela 99, divulgou que o brasileiro costuma usar três modais diferentes durante a semana, a predominância da integração entre modais é feita a pé. Porém, mesmo com o surgimento de novas modalidades de transporte individual, como patinetes e bicicletas elétricas, a maior parte dos entrevistados não se sente segura para usar essas opções.
Com a ausência de investimentos em infraestruturas de calçadas e ciclofaixas é normal que as opções mais utilizadas de novos modais sejam os aplicativos de transporte realizados por carros.
Para especialistas, a forma de driblar essa dependência seria apresentar um transporte público, de qualidade e barato, que se integrasse com outros modais. Alguns exemplos para essa integração seriam ônibus, trens ou metrôs com espaço para o armazenamento de bicicletas; terminais de ônibus, Bus rapid transit (BRT), ou veículos leves sobre trilhos (VLT) com estacionamento para bicicletas e patinetes; e a integração de passagens de diferentes modais e de diferentes cidades (nos casos de centros urbanos e regiões metropolitanas).
Fonte: Detran, Multcarpo, Mobilitex, Portal do Trânsito, Que Conceito, Nova Rotação, Valor Investe.