Trânsito: como repensar a mobilidade urbana?

5 de dezembro de 2021 3 mins. de leitura

Como o debate sobre o tema pode nos fazer repensar o modo de ver a cidade

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O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) define o trânsito como a utilização de vias por pessoas, veículos e animais para fins de circulação, estacionamento e operações de carga e descarga. Ainda segundo a lei, as condições seguras de trânsito são direito e dever de cada cidadão.

Apesar disso, é comumdisso é comum ver a palavra trânsito sendo usada para se referir apenas à circulação de veículos, e não há surpresa nesse erro, pois há muito tempo a maioria das cidades foca apenas na circulação de carros.

Qualquer grande cidade do mundo já é prova de que esse sistema é esgotável. Nos centros urbanos, a queima de combustíveis fósseis é a maior causa de poluição e emissão de gases causadores do efeito estufa. 

Além disso, as grandes metrópoles chegam a um número de veículos por habitante que impossibilita a boa circulação do tráfego. No Brasil, por exemplo, Recife, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e São Paulo aparecem na lista das 60 cidades com os piores trânsitos do mundo.

Brasileiros chegam a perder 32 dias por ano no trânsito. (Fonte: Alf Ribeiro/Shutterstock/Reprodução)
Brasileiros chegam a perder 32 dias por ano no trânsito. (Fonte: Alf Ribeiro/Shutterstock/Reprodução)

Realidade brasileira no trânsito

Um estudo do Congresso de Mobilidade Urbana 2019 mostrou que, em média, os brasileiros que vivem nas grandes cidades perdem 2 horas e 7 minutos por dia no trânsito, isso soma um total de 32 dias por ano dentro de carros ou ônibus.

O deslocamento também reflete a desigualdade social. Segundo a pesquisa, pessoas das classes E e D perdem até 130 minutos por dia no trânsito, enquanto a classe A, cerca de 94 minutos. Isso é um reflexo socioespacial, em que indivíduos mais pobres vivem em regiões mais afastadas dos centros e precisam fazer o translado com ônibus, trem ou metrô.

Quando se analisa o sucateamento do transporte público não é de se admirar que a frota automobilística do País seja tão alta, o carro é visto como a única opção viável das pessoas para ter mais conforto e perder menos tempo em deslocamento. 

Alternativas no trânsito

Uma pesquisa de 2019, realizada nas cinco regiões do País pelo Instituto Ipsos e pela 99, divulgou que o brasileiro costuma usar três modais diferentes durante a semana, a predominância da integração entre modais é feita a pé. Porém, mesmo com o surgimento de novas modalidades de transporte individual, como patinetes e bicicletas elétricas, a maior parte dos entrevistados não se sente segura para usar essas opções.

Maioria das cidades brasileiras não tem infraestrutura que incentive o deslocamento por bicicletas. (Fonte: EyeFound/Shutterstock/Reprodução)
Maioria das cidades brasileiras não tem infraestrutura que incentive o deslocamento por bicicletas. (Fonte: EyeFound/Shutterstock/Reprodução)

Com a ausência de investimentos em infraestruturas de calçadas e ciclofaixas é normal que as opções mais utilizadas de novos modais sejam os aplicativos de transporte realizados por carros.

Para especialistas, a forma de driblar essa dependência seria apresentar um transporte público, de qualidade e barato, que se integrasse com outros modais. Alguns exemplos para essa integração seriam ônibus, trens ou metrôs com espaço para o armazenamento de bicicletas; terminais de ônibus, Bus rapid transit (BRT), ou veículos leves sobre trilhos (VLT) com estacionamento para bicicletas e patinetes; e a integração de passagens de diferentes modais e de diferentes cidades (nos casos de centros urbanos e regiões metropolitanas). 

Fonte: Detran, Multcarpo, Mobilitex, Portal do Trânsito, Que Conceito, Nova Rotação, Valor Investe.

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