Já pensou na importância que a mobilidade urbana tem na saúde e na qualidade de vida? Afinal, quem precisa passar longas horas no transporte público lotado, e muitas vezes no engarrafamento, fica sujeito a poluição urbana, doenças contagiosas e outros riscos. E quem não depende de transporte público também sofre com algumas dessas questões, mas em menor escala.
Pensando nisso, quais são as soluções para os problemas enfrentados no transporte público? Quais são as mudanças que poderiam ser feitas para melhorar a qualidade de vida de quem depende dele? Vários debates da mobilidade urbana já apontam caminhos que podem fazer a diferença na experiência da população.
Mudanças dos combustíveis
Segundo uma pesquisa do Fórum Internacional dos Transportes, organização intergovernamental com mais de 60 países membros, ônibus e trens emitem um quinto das emissões de gases do efeito estufa nas cidades. Já os aplicativos de transporte são responsáveis por um terço do total de veículos particulares.
Com esses dados, nota-se que, para parar a poluição nas grandes cidades e, em última instância, mundialmente, é preciso substituir os motores a combustão e derivados de petróleo por formas mais limpas de energia.
Ônibus movidos a combustíveis verdes, veículos leves sobre trilhos (VLTs) e outras modalidades de elétricos já são realidade e, aos poucos, podem virar protagonistas na busca por um transporte público sem poluição.
Para isso, é preciso planejamento e investimento em infraestrutura. Vale lembrar que a mera substituição de motores a combustão por elétricos não é efetiva se as matrizes energéticas dos países não for de energia limpa.
Um transporte público sem poluição pode ajudar a manter o aquecimento global sob controle (seguindo as normas do Acordo de Paris). Além disso, é possível ter efeito imediato na qualidade de vida de quem usa os coletivos, já que pode diminuir a poluição.
Transporte público de qualidade auxilia na diminuição de acidentes no trânsito
A qualidade do transporte público está diretamente ligada ao número de mortes no trânsito, ou seja, cidades e países que investem nisso podem salvar vidas. Nesse contexto, o transporte público não é apenas ônibus ou metrô, mas toda a estrutura para pedestres, bicicletas, acessos para pessoas com deficiência (PCDs), sinalização de trânsito e tudo o que engloba o tema.
Cidades que apostam na diversificação de modais e incentivam a mobilidade ativa investem mais em infraestrutura e sinalização. Essa mudança de paradigma tira o protagonismo dos carros e faz que se preste mais atenção a ciclistas e pedestres.
O transporte público de qualidade também significa um transporte limpo, pontual e sem lotações, o que atrai mais passageiros e diminui tanto o uso de carros particulares quanto o número de acidentes.
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Fugir do horário de pico
As grandes cidades enfrentam a migração pendular e os chamados horários de pico. Com contingentes da população trabalhadora vivendo em regiões periféricas e tendo que se deslocar para alguns centros que concentram empregos, determinados deslocamentos se afunilam, precarizando a qualidade do transporte. Uma solução proposta por especialistas é a flexibilização e a mudança nos horários de trabalho.
A propagação rápida da pandemia de covid-19 fez boa parte das empresas mundiais avançarem no debate sobre o home office, e a manutenção da qualidade do serviço é praticamente unânime.
A flexibilização da necessidade de estar presencialmente no trabalho pode cooperar para um transporte público com demanda distribuída mais uniformemente ao longo do dia.
Democratização do acesso ao transporte e bem-estar
Talvez o maior dos problemas do transporte público seja a dificuldade de acesso da população que mais precisa. Historicamente, linhas de ônibus, trens e metrôs são construídas priorizando pontos centrais e nobres, às vezes até chegam à periferia, mas o crescimento desenfreado das cidades faz que a população mais pobre se instale em pontos ainda mais distantes. Isso contribui para perpetrar a desigualdade social.
Um estudo do site The City Fix, demonstrou que, na Cidade do México, uma das maiores metrópoles do mundo, pessoas que moram em bairros nobres têm 28 vezes mais acesso a oportunidades de trabalho, além da facilidade no acesso ao estudo, ao lazer e à saúde.
Pensar em um transporte público focado na periferia é melhorar a qualidade de vida da população que mais precisa. Isso pode ser feito com o aumento de veículos, linhas e conexões com lugares mais distantes, como também com políticas de moradia que facilitem o acesso dessas populações a áreas próximas a terminais e estações, inclusive a áreas centrais.
Uma mudança de planejamento da forma de financiamento do transporte público também pode ser fonte de mudança. Dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) mostram que, no Brasil, o número de usuários de ônibus públicos caiu 26% entre 2013 e 2019, mesmo antes da pandemia.
O transporte público brasileiro segue perdendo usuários para os aplicativos de transporte e, mesmo assim, os preços seguem em disparada e a qualidade não aumenta.
A maioria das cidades trabalha em uma lógica de financiamento de empresas privadas, que priorizam a busca do lucro em vez da qualidade para os usuários. Essa fórmula já mostra sinais de esgotamento e falta de resultados.
Debates sobre saúde e bem-estar
Como vimos, a mudança no transporte público pode modificar a qualidade de vida não só dos usuários, mas de toda a cidade. Se você quer saber mais de temas como saúde e bem-estar participe do Summit Saúde 2022.
O Congresso é gratuito e acontece de forma online, o tema deste ano é “mudanças na saúde e valorização do bem-estar”. Para mais informações, acesse este link.
Fonte: Internation Transport Forum, Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), City Fix, WRI Brasil, Bynd, ITDP, AKATU