Pedalar e caminhar são ótimas alternativas de deslocamento, em razão da promoção à saúde e da preservação do meio ambiente. Segundo o movimento Paulista Aberta, há também outros ganhos em adotar essas formas de mobilidade ativa, e um deles é o estímulo à economia local.
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Esse é um dado especialmente importante diante do aumento no desemprego, verificado durante a pandemia, uma vez que as cidades precisam apostar em alternativas econômicas. Trata-se de uma tendência com possibilidade de estruturar a médio e longo prazos a economia nas regiões que investirem na mobilidade ativa.
De um meio a um fim
O projeto Paulista Aberta é um bom exemplo de como a mobilidade ativa pode movimentar uma região também do ponto de vista econômico. A proposta foi implementada com o objetivo de incentivar a apropriação do espaço público como um lugar de lazer e prática de exercícios físicos, além de estimular atividades econômicas e culturais.
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Deu resultado: desde a abertura da Avenida Paulista para mobilidade ativa, em 2015, os carros deram espaço para pedestres, ciclistas, carrinhos de bebê, esqueitistas e cachorros — uma multiplicidade de agentes que fazem da rua um destino para o lazer, e não apenas um meio.
Quem passeia na Paulista em um domingo tem várias opções de comida na rua, e os comércios não estão apenas abertos, mas também adaptados à cultura da mobilidade ativa: em vez de comer sentados, os clientes pedem seus lanches ou sorvetes e consomem se deslocando durante o passeio.
Além disso, a calçada dos espaços comerciais não abertos serve de espaço para a promoção de produtos de artesãos e ambulantes. Assim, a Paulista vira uma feira a céu aberto.
Ganham os comerciantes, a segurança pública e os paulistanos, que deixam de depender dos shoppings: quase 80% dos moradores de regiões próximas à Paulista visitam a avenida com alguma regularidade para praticar esportes e desfrutar dos espaços de lazer.
Economia
O relatório “Avaliação de Impacto da Paulista Aberta na Vitalidade Urbana” apresenta uma pesquisa que coletou dados na Avenida Paulista e também na Avenida Faria Lima, outra artéria importante para a cidade de São Paulo, mas que não possui a política viária aos domingos.
O resultado geral do estudo, organizado pelas entidades Bike Anjo, Corrida Amiga e LABMOB e pelo Institute for Transportation and Development Policy (ITDP), com apoio do Instituto Clima e Sociedade, confirmou a hipótese de que a abertura da avenida para mobilidade ativa era relevante para a economia local, além dos demais ganhos pessoais, sociais e ambientais.
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Em primeiro lugar, constatou-se que, desde 2015, os comerciantes da Avenida Paulista possuem uma percepção mais positiva sobre o fluxo de clientes e volume de vendas em relação aos lojistas da Avenida Brigadeiro Faria Lima.
Aos domingos essa tendência é especialmente maior: enquanto na Avenida Paulista percebe-se um aumento nas vendas com relação ao período anterior à política de abertura viária, o outro grupo percebeu uma diminuição no volume de vendas.
Replicação
Outra conclusão importante foi que, após cinco anos de abertura da rua para práticas de lazer e mobilidade ativa, os entrevistados pela pesquisa (tanto na Paulista quanto na Faria Lima) entendem que seria desejável expandir a aplicação da abertura para outras vias importantes.
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A Avenida Brigadeiro Faria Lima foi justamente a mais lembrada pelos frequentadores de ambas as avenidas quando questionados sobre a possibilidade de replicação do projeto da Paulista.
Mas algo não mencionado pela pesquisa foram as possibilidades de desenvolvimento sociorregional das zonas periféricas de São Paulo, historicamente segregadas quanto a opções de esporte e lazer. É possível que o mesmo projeto nas áreas afastadas melhore essas dimensões, além da segurança e do desenvolvimento econômico nesses territórios.
Especulação imobiliária?
Outra preocupação do relatório foi questionar os efeitos do projeto. Será que, ao longo desses cinco anos, a abertura da Avenida Paulista aumentou a especulação imobiliária? Esse seria um problema sério, na medida em que aumentaria as disparidades socioespeciais de uma cidade já tão desigual.
Segundo o estudo, isso não ocorreu. A verificação usou dados de um grupo de vendas de imóveis, que possui um rico banco de dados sobre as propriedades negociadas ao redor da Avenida Paulista. De acordo com a série histórica, não houve valorização nem desvalorização aos imóveis da região causados pelo projeto dominical.
Fonte: Caos Planejado, Relatório Paulista Aberta
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