O aumento da qualidade de vida nas cidades e o declínio nas taxas de natalidade têm resultado no crescimento global da população com mais de 65 anos. Esse movimento traz necessidades únicas de planejamento urbano e inspira mudanças em todo o mundo.
Mobilidade urbana deve considerar cotidiano de mães
Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Ocde), as 100 cidades com maior concentração de habitantes com mais de 65 anos estão distribuídas entre Alemanha, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Países Baixos, Reino Unido e Polônia.
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Expectativas indicam que, até o ano de 2030, as taxas de envelhecimento serão maiores nos países da América Latina e do Caribe, seguidos da Ásia e da África.
Mobilidade urbana inclusiva
Isso traz à tona um desafio que cresce a cada dia: a reestruturação das cidades para os idosos, sobretudo aqueles com mobilidade reduzida. Investimentos gradativos, como o desenho universal e acessível, podem ser rentáveis para os municípios e impactar de maneira positiva até mesmo o setor da saúde.
Segundo a arquiteta urbanista e professora Andréa H. Pfützenreuter, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as cidades precisam facilitar o deslocamento dos idosos com foco em sua caminhabilidade. “A falta de infraestrutura e manutenção das vias favorecem quedas, torções, a visão focada para baixo (a fim de olhar onde está pisando) e a insegurança”, explicou Pfützenreuter em entrevista ao portal da ONG Mobilize.
Em uma cidade para todos, é fundamental pavimentar as calçadas levando em conta a acessibilidade, com pisos regulares que permitam uma caminhabilidade fácil e segura. Os trajetos também devem ser iluminados adequadamente, livres de desníveis sempre que possível — e caso haja algum, com rampa acessível de acordo com a NBR 9050 (norma que padroniza a acessibilidade de mobiliários urbanos).
Passos na direção certa
A cidade de São Paulo está repensando seu urbanismo com base nessa pauta. No ano passado, a prefeitura anunciou a reforma de 1,5 milhão de metros quadrados, com o projeto contendo mais rampas e pisos táteis. Porém, embora 30% da locomoção diária seja a pé, é importante adaptar também os veículos coletivos, facilitando o embarque, com degraus e nível de piso mais baixos.
As mudanças não devem ser apenas físicas, mas também culturais, como explicou a arquiteta. “De que valem as adaptações, se os idosos não são bem recebidos ou têm dificuldade em alcançar o local? O trajeto passa a ser um martírio ou uma dificuldade”, ela comentou.
As dificuldades de envelhecer no Brasil
Segundo o Portal do Envelhecimento e Longeviver, os principais desafios encontrados pelos idosos no País são relacionados à incapacitação gradativa trazida pela idade — que torna o idoso dependente e priva parte de sua liberdade. Nessa perspectiva, o urbanismo pode devolver à terceira idade a vontade de caminhar nas cidades, ao promover adequações necessárias à infraestrutura pública, como calçadas, postes e recursos hídricos.
A entidade ressalta a importância da participação dos agentes modificadores urbanos no avanço da democratização da cidade, que têm a responsabilidade de promover a acessibilidade nos mobiliários urbanos e modais de transporte. Por meio disso, é possível melhorar a qualidade de vida não só dos jovens, mas também dos mais velhos.
Fonte: Portal do Envelhecimento e Longeviver, Blog do Banco Mundial, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mobilize.
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