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Gentrificação: exposição artística denuncia o fenômeno em Chicago

A artista estadunidense Tonika Lewis Johnson está usando a arte para destacar movimentos de ocupação de Chicago (Estados Unidos) que prejudicaram o acesso das comunidades negras à cidade.

Tonika nasceu e cresceu no bairro de Englewood, no sul do município. Durante seus deslocamentos pela região, notou que o bairro tem grande taxa de lotes vazios, casas e prédios públicos abandonados. Depois de mais investigação, descobriu como um mecanismo de compra e venda de terras criou um processo de gentrificação que prejudicou a população negra que originalmente ocupou o bairro.

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O que é gentrificação?

O termo “gentrificação” foi cunhado pela socióloga britânica Ruth Glass nos anos 1960. O conceito define processos urbanos em que mecanismos, intencionais ou não, são utilizados na ocupação da cidade e encarecem os imóveis ou os serviços de determinada localidade, obrigando a população original a se mudar.

Grandes megalópoles como Paris (França), Nova York (EUA) e Berlim (Alemanha) têm algum tipo de política urbana para manter preços de aluguéis e de imóveis sob controle em regiões estratégicas. Caso contrário, a especulação imobiliária internacional poderia prejudicar as populações locais.

Exemplo de gentrificação

O caso denunciado por Johnson, que agora exerce cargo de artista instigadora no National Public Housing Museum, é um exemplo clássico do processo de gentrificação. Historicamente, Chicago foi o destino de grandes contingentes da população negra norte-americana. Nos anos 1950 e 1960, uma prática predatória de empréstimos foi usada para fazer famílias caírem em golpes imobiliários e perderem as casas e todas as economias. A artista chama o processo de “roubo legal”.

Casas típicas do sul de Chicago. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Como a maioria das famílias negras não conseguia acesso a financiamentos e empréstimos bancários, muitas compravam casas por meio de documentos chamados de land sale contract (contrato de venda de terras, em tradução livre). Basicamente, eram contratos diretos entre o comprador e o vendedor, porém as taxas de amortização e as obrigações do contrato eram tão desfavoráveis aos compradores que os proprietários que perdessem o pagamento de alguma parcela perdiam a casa e todo o dinheiro investido.

Além disso, há relatos de especuladores imobiliários que compravam os terrenos ou as casas e elevavam os preços em até 85% antes de vendê-los com um contrato de venda de terras. Proprietários negros que conseguiam quitar o contrato pagavam entre quatro e cinco vezes mais pelo imóvel do que famílias brancas que conseguiam financiamentos pelos meios mais comuns.

Segundo as pesquisas de Johnson, entre as décadas de 1950 e 1960, de 75% a 95% das casas vendidas para famílias negras foram negociadas por esse tipo de contrato. Estima-se que o prejuízo para famílias que perderam as casas pode chegar a US$ 4 bilhões.

Desigualdade à venda

A instalação artística de Johnson, chamada Inequity for Sale (Desigualdade à Venda, em tradução livre), consiste em erguer marcos em frente às casas que foram perdidas pelas famílias originais nesse tipo de negociação. Os marcos contêm informações das famílias e de como as casas foram “legalmente roubadas”. Passeios pelas construções e a criação de arquivos fotográficos e exposições são realizados para gerar conhecimento do tipo de prática que foi amplamente realizada.

Tonika Jonhson com um dos marcos instalados no projeto. (Fonte: Tonika Jonhson/Divulgação)

O projeto já ganhou alguns prêmios e chamou a atenção de autoridades que criaram uma força-tarefa para investigar alguns casos e pensar em políticas de reparação para as famílias prejudicadas e seus descendentes.

Quer saber mais? Confira aqui a opinião e explicação dos nossos parceiros especialistas em Mobilidade.

Fonte: Next City, National Public Housing Museum, Tonika Lewis Johnson, Rocket Mortage.

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