A bicicleta é um dos veículos mais democráticos e importantes para garantir o acesso à cidade de forma sustentável; ainda assim, o custo envolvido na aquisição do equipamento pode ser um entrave para pessoas com menor renda.
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O compartilhamento de bikes ajuda a ampliar o acesso, porém a maioria dos serviços nas cidades brasileiras está localizada em áreas centrais e turísticas.
Essa realidade é um pouco diferente em comunidades da periferia de Recife (PE). Na capital pernambucana, um grupo de ciclistas reunidos na Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) resolveu levar a experiência das bicicletas compartilhadas para a comunidade de Caranguejo Tabares, que tem 4 mil moradores.
O uso de bicicleta vai aumentar no pós-pandemia?
Realizado desde 2016, o projeto Bota Pra Rodar recolhe bikes sem uso em condomínios e casas por meio de doações para que sejam utilizadas no sistema de compartilhamento e de forma gratuita. O projeto deu tão certo que foi expandido para um novo bairro da capital pernambucana.
Como funciona o projeto
O primeiro passo para o funcionamento do Bota Pra Rodar é recolher bicicletas sem utilização em qualquer estado de conservação. A coleta é realizada em três pontos na capital pernambucana, além de uma busca ativa dos voluntários da Ameciclo em condomínios e casas da região.
As bikes doadas são levadas para oficinas mecânicas comunitárias nas quais jovens da comunidade que passaram por uma oficina de capacitação fazem recondicionamento, manutenção e pintura dos veículos. Após esse trabalho, as bicicletas estão prontas para voltar à circulação e são oferecidas para os moradores.
As unidades podem ser utilizadas para trabalhar, ir à praia, buscar crianças na escola e até fazer compras, já que algumas delas vêm equipadas com cesto. Todo o projeto, desde as doações até oficinas, bicicletários e empréstimo, é gerido pela própria comunidade de forma autônoma.
Para retirar uma bicicleta, o interessado deve realizar um breve cadastro na biblioteca comunitária local. Todas as bikes são numeradas e têm cadeado cuja chave é entregue ao usuário, que deverá devolver o veículo em até um dia. Quem retira a bike no fim da sexta-feira pode ficar com o equipamento por todo o fim de semana.
Em caso de atraso na entrega, roubo, quebra ou qualquer outro problema, não há penalidade prevista, pois um dos objetivos do projeto é despertar a cultura de apropriação com base no princípio de respeito.
Reconhecimento
O Bota Pra Rodar é reconhecido nacional e internacionalmente por promover a bicicleta como ferramenta de mobilidade urbana e integração social. A iniciativa foi vencedora do Prêmio Promovendo a Mobilidade por Bicicletas em 2017 na categoria Ação Educativa e de Sensibilização.
O projeto também recebeu o Prêmio Folkersma, concedido pela empresa holandesa responsável por construir mais de 35 mil rotas turísticas de bicicletas na Europa. A companhia faz parte da organização da Embaixada Holandesa de Ciclismo, que representa a indústria do setor no país.
Micromobilidade: por que a bicicleta é o meio mais saudável?
O sistema também conseguiu o apoio do Programa Casa Cidades, observatório de projetos de organização de base em ambientes urbanos. O Bota Pra Rodar conta, ainda, com recursos financeiros do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal e da AK Foundation, instituição inglesa de caridade.
Fonte: Ameciclo, Transporte Ativo, Embaixada Holandesa de Ciclismo, Folkersma, Casa Cidades, Bota Pra Rodar, São Paulo São