Já está em vigor a Estratégia Nacional para Mobilidade Ativa Ciclável (ENMAC 2020-2030) em Portugal. A ação governamental busca estimular a adoção de hábitos de mobilidade mais sustentáveis, promovendo o transporte público, o uso da bicicleta, a eletrificação de veículos e a construção de ciclovias.
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Atualmente, o carro é o veículo de deslocamento individual mais utilizado no país. Alterar esse padrão e priorizar a mobilidade ativa são as premissas fundamentais do projeto. Pretende-se fazer da bike um meio de transporte seguro e ampliado para toda a população, diminuindo o uso de carro e trazendo benefícios nos âmbitos de saúde, meio ambiente, economia e cidadania.
A estratégia surge em um contexto marcado por tratados nacionais e internacionais acerca das mudanças climáticas e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Caso as medidas se concretizem, Portugal tem grandes chances de se colocar ao lado de outros países da Europa onde essas práticas já estão consolidadas.
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Vale ressaltar que o desenvolvimento dessa estratégia contou, em sua primeira fase, com a participação de entidades públicas e da sociedade civil e, posteriormente, com uma consulta pública aberta a toda a população.
Medidas visam transformações em uma década
Entre as medidas propostas estão aumentar as ciclovias de 2 mil quilômetros para 10 mil quilômetros, incluir o ciclismo como matéria extracurricular nas escolas, implementar sistemas públicos de veículos compartilhados, promover o uso de bikes de carga na logística urbana, além de construir e adaptar a infraestrutura das cidades para tornar os trajetos mais atrativos e seguros.
Com isso, espera-se uma melhoria na qualidade de vida da população e um impacto positivo no meio ambiente e na economia. Segundo a resolução do governo, pedalar, além de fazer bem à saúde ao tirar as pessoas do sedentarismo, movimenta a economia. Portugal é hoje o terceiro maior fabricante de bicicletas da Europa, e grande parte da produção é exportada.
Como a mobilidade ativa ajuda a movimentar a economia?
Outro ponto é que a bicicleta é um meio de transporte barato e prático. Adaptar a cidade para ciclistas, além de otimizar o espaço de trânsito e de estacionamento, ajuda a moderar a velocidade dos carros, diminuindo o número de acidentes. Do ponto de vista energético, é uma alternativa que consome menos recursos, sendo mais eficiente e menos poluente.
Atraso em relação a outros países da Europa
Portugal ocupa hoje a penúltima posição no uso da bicicleta como principal meio de transporte em relação a outros países da União Europeia. Isso porque há um número elevado de acidentes e poucas bikes circulando, o que causa insegurança nas pessoas. Dados do Instituto Nacional de Estatística de 2014 revelam que apenas 1% da população utiliza esse meio de transporte no dia a dia.
Descontinuidades das ciclovias, sinalização inadequada e falta de informações úteis estão entre as causas que desestimulam o uso das bicicletas. Os dados mostram ainda que os portugueses são os que menos praticam atividades físicas na Europa, visto que 74% dos entrevistados afirmaram que nunca ou raramente praticam alguma modalidade de exercício.
Nesse contexto, a efetivação da ENMAC prevê que Portugal se transforme em um país em que pedalar seja considerado uma atividade segura, atrativa e acessível para todos até 2030. As ações de sensibilização para a mobilidade ativa pretendem alcançar um crescimento considerável do uso da bicicleta, seja de forma recreativa e desportiva, seja para se deslocar no cotidiano e viajar. Dessa maneira, o país pode recuperar o atraso diante de outras nações da Europa.
Fonte: Diário da República Eletrônico
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