Fachadas de edifícios que se modificam de acordo com o clima, para resfriar o seu interior. Pontes que são levantadas apenas quando há a circulação de embarcações com dimensões que ultrapassam a construção. Esses são apenas dois exemplos da arquitetura cinética.
A estratégia existe há centenas de anos, desde a Idade Média, porém vem sendo aperfeiçoada continuamente, estimulando a mobilidade nas construções.
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Arquitetura cinética: o que é
Como o próprio nome sugere, a palavra cinética está relacionada a movimento. Assim, tudo o que pode ser alterado ou se mover tem um caráter cinético, e aqui incluem-se as construções.
Dessa forma, na arquitetura cinética, as edificações passam de um estilo estático e imutável para um design que, por vezes, pode desafiar a gravidade.
Seja por questões estéticas, climáticas ou até para atingir determinada finalidade, as construções cinéticas podem ser reconfiguradas a partir de técnicas e sistemas, automatizados ou não.
Exemplos de arquitetura cinética
Pontes levadiças são o exemplo mais antigo de arquitetura cinética. Entre eles, está a Tower Bridge, em Londres, Inglaterra. Com construção iniciada em 1886 e concluída em 1894 sobre o Rio Tâmisa, é uma forma de ponte-báscula, sendo inclinada para cima quando alguma embarcação maior do que ela precisa atravessá-la.
Porém, as pontes levadiças não são as únicas formas de arquitetura cinética. Atualmente, arquitetos e engenheiros atuam em conjunto para criar edificações que permitam uma maior entrada de iluminação natural e até de circulação de ar, tornando a construção sustentável.
A arquiteta Zaha Hadid projetou no ano de 2006 em Dubai as então conhecidas como torres dançantes, embora o nome oficial do projeto seja Signature Towers. A edificação tem um caráter estético que gera uma ilusão de ótica. Três prédios foram arquitetados de forma tal que, dependendo da posição em que se encontra a pessoa que os observa, eles parecem estar entrelaçados ou em movimento.
Outro exemplo é a fachada Flare. O projeto tem um aspecto futurista, garantido por cilindros pneumáticos feitos em aço inoxidável e distribuídos na parte frontal da edificação. Para além do fator estético, a proposta é facilitar a circulação de ar. É como se a construção tivesse uma membrana cinética. A proposta é aplicada desde 2008 em projetos localizados em Berlim, na Alemanha; Rotterdam, na Holanda; e em Aarhus, Dinamarca.
No Brasil, também existem modelos de arquitetura cinética. É o caso do edifício Suíte Vollard, localizado em Curitiba, no Paraná. A construção conta com um projeto arrojado para girar e, dessa forma, ser possível escolher a melhor iluminação para cada ambiente. Nele, utilizou-se a tecnologia de spin building, em que partes da edificação podem girar em um espaço pré-determinado.
5 vantagens proporcionadas pela arquitetura cinética
1. Eficiência energética
Como exemplificado antes, a arquitetura cinética tem entre seus pontos positivos a vantagem de permitir maior eficiência energética às edificações.
Com mecanismos que possibilitam a entrada de iluminação natural conforme o desejo dos usuários, o consumo de energia convencional tende a ser menor, o que beneficia, também, o meio ambiente, sendo portanto sustentável.
2. Flexibilidade
Por serem desenhados com múltiplas propostas e terem movimento, os espaços podem ser reconfigurados conforme as necessidades de quem os ocupa.
Salas multifuncionais e cujas paredes podem ser retráteis, alterando a finalidade de uso, são exemplos que comprovam o caráter flexível de construções cinéticas.
3. Adaptação climática
Outro grande trunfo de investir em designs cinéticos é quanto à adaptabilidade climática. Com recursos como a fachada Flare, é possível ampliar a circulação de ar dentro da construção, resfriando o ambiente.
A medida é útil sobretudo em estações como o verão, em que naturalmente o calor é uma característica presente, somado ao aquecimento global, que tem ampliado as temperaturas em diversas regiões do globo.
4. Estética diferenciada
A arquitetura cinética também propicia maior beleza e inovação às construções, que passam a contar com designs arrojados. E, alguns deles, até futuristas em relação ao seu tempo, como é o caso da Suíte Vollard, entre tantos outros.
5. Interatividade com usuários
Dependendo do projeto, permite-se inclusive diferentes apropriações em seu uso, por parte dos usuários. É o caso do The Shed, em Nova York, Estados Unidos, que possui diferentes ambientes que mudam conforme as exposições e eventos realizados internamente.
Com uma fachada que recebeu uma cobertura mutável com 37 metros de dimensão, tem-se a impressão de que o prédio está coberto por um tecido, quando na realidade a estrutura é feita em aço.
Fonte: Tower Bridge, Zaha Hadid, Prédios de Curitiba, The Shed