Ícone do site Summit Mobilidade

Ausência de pontes aumenta a vulnerabilidade social, diz estudo

Moradores de regiões em vulnerabilidade social podem enfrentar barreiras para acessar bens e serviços. E, segundo um estudo recente, a ausência de infraestruturas urbanas, como pontes, pode potencializar esse tipo de disparidade. 

Já conhece o Estadão Summit Mobilidade Urbana? Saiba o que rolou na última edição do evento.

Ao estabelecer uma correlação entre dados socioeconômicos e demográficos e onde as pontes estão localizadas, a pesquisa da Faculdade de Engenharia da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, nos Estados Unidos, apontou que grande parte da infraestrutura daquele país é construída para conectar comunidades ricas a centros de negócios e serviços, ignorando bairros de baixa renda.

Os pesquisadores Samuel Jones e Daniel Armanios concluíram que os bairros de baixa renda com famílias majoritariamente negras, hispânicas e monoparentais provavelmente têm menos pontes. E, quando essas pontes existem, geralmente têm baixas alturas, obstruindo a passagem de ônibus.

Vulnerabilidade social

Pontes são fundamentais para ligar bairros residenciais a empregos e serviços. (Fonte: Shutterstock)

O estudo foi realizado na cidade onde está localizada a universidade. Lá, 446 pontes se elevam sobre três rios e várias colinas. O histórico Hill District, situado entre o distrito comercial de Downtown e o distrito universitário de Oakland, é um exemplo das desigualdades socioespaciais na infraestrutura.

Os engenheiros civis reconhecem a necessidade de abordar melhor as consequências dos sistemas de infraestrutura na equidade social, e o grande desafio desses profissionais tem sido traduzir as preocupações com esse assunto em métricas eficazes. 

A importância das pontes para a mobilidade urbana

Os métodos de planejamento de infraestrutura normalmente levam em consideração os dados do usuário, como o tráfego médio diário. Porém, os dados sobre comunidades que residem perto da nova infraestrutura têm sido historicamente desconsiderados, contribuindo para distorções sistêmicas.

“Essas são práticas antigas que influenciam um grupo de pessoas em detrimento de outros. Queremos tentar resolver o problema em vez de atribuir culpas”, afirmou Armanios, acrescentando que existe um consenso crescente entre os engenheiros civis sobre a importância de se abordar o impacto da infraestrutura sobre o patrimônio.

Nova abordagem de análise

Dados demográficos e sociais de comunidades vizinhas a novas infraestruturas devem ser considerados no planejamento, defende o estudo. (Fonte: Shutterstock)

A pesquisa defende que, além do volume do tráfego, sejam consideradas variáveis, como características sociais e familiares das comunidades circunvizinhas para decidir onde as pontes serão construídas ou quais reformas de infraestruturas serão priorizadas.

Os pesquisadores esperam que o trabalho torne mais fácil para os engenheiros de as agências de transporte do governo integrarem fatores demográficos para considerar a equidade social nas análises de construção, substituição e reabilitação de infraestrutura.

Reconstrução de comunidades

Qualquer governo que tente implementar políticas urbanas sem levar em conta o aspecto social tende a falhar. Assim, os autores da pesquisa esperam que novos estudos empíricos e estruturas metodológicas possam dar impulso a esforços para a reconstrução urbana em comunidades negras, especialmente agora que as cidades planejam a recuperação do coronavírus.

“Os governos podem economizar dinheiro a longo prazo se aumentarem os gastos agora para construir a resiliência de suas cidades”, argumentou Armanios. Quanto mais restrita é uma comunidade, por exemplo, mais difícil é de se distanciar socialmente durante uma pandemia, bem como são maiores os gastos com saúde e assistência econômica. 

Fonte: Next City, Asco Library.

Conheça o maior e mais relevante evento de mobilidade urbana do Brasil

Sair da versão mobile