Conheça o maior evento de mobilidade urbana do Brasil
A oferta de casas populares está entre as principais medidas do Estado para ampliar o acesso à moradia. Então, planos de urbanismo de grandes metrópoles, como São Paulo, incluem construções em regiões consideradas de alto padrão. É o caso do Projeto de Intervenção Urbana (PIU), que faz parte do Plano Diretor Estratégico (PDE) do município e foi aprovado em 2014, mas gera polêmicas.
Leia também:
- Favela ou comunidade: qual é o termo correto?
- Mapas e pesquisas mostram como a pandemia afetou o espaço urbano
- Especulação imobiliária: quanto vale uma boa vista da janela?
O PIU Vila Leopoldina (SP) é uma área considerada nobre por ter condomínios com apartamentos avaliados em mais de R$ 2 milhões e receberá moradias populares, levando a conflitos com a elite local.
Associações de moradores, que representam vizinhos do terreno onde o PIU Vila Leopoldina deve ser construído, pediram para que a construção das casas populares fosse substituída por parques ou outros espaços públicos, pois os imóveis de alto padrão seriam desvalorizados com a proximidade das casas populares.
Desde 2016, o PIU Vila Leopoldina, que abrange uma área de 300 mil metros quadrados, tem sido alvo de debates. O plano de urbanismo ainda será discutido na Câmara Municipal para aprovação de projeto de lei (PL) e criação de comissão específica. Se construído, o PIU Vila Leopoldina deve assistir 1,2 mil famílias que residem em duas comunidades da região.
Exemplos dos Estados Unidos
Dados mostram que nem sempre a chegada de moradias populares a áreas nobres reduz os preços dos imóveis em uma região. Em Nova York, uma pesquisa conduzida por investigadores do Furman Center for Real Estate and Urban Policy concluiu que os valores imobiliários não caíram com a implantação de moradias populares nos arredores.
Em Alexandria (Virgínia), o Instituto Urbano concluiu que a única mudança significativa no cenário dos bairros próximo a moradias populares foi na valorização das propriedades em 0,9%.
Outro estudo realizado na Califórnia e na Nova Inglaterra por membros da Stanford Graduate School of Business apresentou resultados diversos. Concluiu-se que, em bairros mais pobres, a construção de moradias populares valorizou em até 6,5% as habitações próximas. Porém, quando essas moradias populares foram edificadas em bairros nobres, houve desvalorização dos imóveis em até 2,5%.
O impacto da criminalidade após a construção de casas populares também foi avaliado pela Stanford Graduate School of Business, e o resultado foi a queda tanto da criminalidade quanto da violência em áreas mais pobres e a permanência dos índices em áreas nobres.
Fonte: Bloomberg, Caos Planejado, Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), El Pais, PIU Leopoldina, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).