O crescimento de entregas feitas via apps no Brasil ganhou impulso na pandemia e causou impacto na mobilidade urbana. Já são pelo menos 3,8 milhões de brasileiros que têm esse tipo de serviço como fonte de renda.
Isso implica mais bicicletas ou motos circulando nos grandes centros urbanos, além de relações sociais de trabalho e consumo modificadas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Confira três transformações recentes nesse mercado.
1. Boom no mercado de entregas
Segundo dados de uma pesquisa encomendada pelo VR Benefícios ao Instituto Locomotiva, a taxa de padarias, lanchonetes, restaurantes e mercados que disponibilizam serviços de delivery passou de 49% para 81%. Esses ainda pretendem manter a modalidade ao fim da crise sanitária. O desafio de expandir ainda mais continua para os próximos anos.
2. Necessidade de regulamentação
A categoria de entregadores de apps cresceu e, com ela, a necessidade de regulamentação dessa forma de trabalho. Um estudo realizado por procuradores e pesquisadores de quatro universidades apontou que 62% dos entregadores ouvidos passaram a trabalhar pelo menos nove horas por dia durante a pandemia — antes desse período, a taxa era de 57%. Em contrapartida, o número de entregadores que ganham acima de R$ 520 por semana caiu praticamente pela metade.
Em abril de 2020, trabalhadores passaram a criar iniciativas para reivindicar melhores condições de trabalho, segurança e rendimentos. Em junho, o Ministério Público do Trabalho (MPT) exigiu judicialmente o cumprimento de medidas de proteção ao vírus por parte das empresas da categoria, que é considerada essencial.
3. Preocupação com a sustentabilidade
Outra mudança no período foi a preocupação dos consumidores com a sustentabilidade. Apesar de parte das entregas serem feitas por bicicleta, aquelas em motos ou carros contribuem para a poluição do ar devido à queima de combustíveis. A quantidade de embalagens descartáveis também é uma ameaça ao meio ambiente.
Pelo menos 720 entre mil usuários entrevistados desses serviços gostariam de receber as suas refeições em embalagens biodegradáveis, sem plástico na composição. A informação foi revelada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em um estudo feito pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC). Além disso, 15% deles relataram deixar de utilizar os serviços por conta do incômodo com a quantidade de itens não solicitados, como talheres, copos e sachês.
Fonte: Instituto Locomotiva, MPT, Revista DH, IBGE.