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Pendularidade no transporte: o que é e quais são os seus efeitos?

Se você já precisou usar o transporte público de qualquer grande cidade, provavelmente deve ter experimentado o efeito conhecido como pendularidade no transporte.

Na física, o movimento pendular é definido como um movimento periódico, em um formato de vai e vêm que envolve direcionamentos opostos. No transporte, a mesma lógica se aplica: um grande volume de pessoas se desloca em uma mesma direção em um determinado horário, para voltar no sentido oposto mais tarde.

A migração pendular é um fenômeno visto mais claramente nas grandes cidades, mas não é exclusivo delas. Pequenos municípios e até áreas rurais têm deslocamentos que fazem esse movimento. A pendularidade no fluxo de pessoas é intimamente ligada ao modo de ocupação do espaço e, portanto, fica sujeita a diversos fenômenos sociais, como a segregação urbana e a desigualdade socioespacial.

Em geral, as populações de classes socioeconômicas mais pobres fixam residência em áreas mais afastadas dos centros urbanos, porque os preços de aluguéis e dos imóveis são mais baratos.

A maior parte da oferta de empregos e serviços de saúde e educação, porém, concentra-se nos centros, obrigando a realização de deslocamentos diários ou pelo menos periódicos. Esse movimento também faz que muitas cidades ou bairros periféricos sejam conhecidos como cidades dormitório, uma vez que seus habitantes dormem lá, mas precisam passar a maior parte do dia se deslocando e trabalhando em outros locais.

Efeitos da pendularidade

Pensando especificamente no trânsito e no transporte coletivo, a pendularidade no transporte pode causar uma série de efeitos negativos para as cidades. O primeiro deles é a lotação do transporte público.

Em grande parte precarizado, pela falta de investimentos e por ser pensado para dar lucro em vez de garantir a qualidade do serviço, a oferta de meios de transporte nas linhas mais utilizadas nos horários de pico normalmente é insuficiente. Isso ocorre porque uma linha de ônibus ou metrô dentro de uma lógica de pendularidade no transporte, por incrível que pareça, pode ser pouco eficiente e gerar baixo lucro.

Ônibus lotado em São Paulo. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

O fato de um ônibus ou metrô estar muito lotado de determinado ponto até o ponto final faz que poucos passageiros entrem e saiam, o que geraria maior receita. Além disso, muitas dessas linhas ficam com vagas ociosas por boa parte do dia, enquanto os usuários estão trabalhando ou estudando. Elas voltarão a lotar quando as mesmas pessoas retornarem, e isso garante uma receita previsível e com pouca possibilidade de ampliação.

Outro problema causado pela pendularidade no transporte é a tendência a engarrafamentos no trânsito. Com a maioria das cidades brasileiras dependente do transporte rodoviário, muitas veem nos ônibus o único meio amplamente disponível para a população. Como em grande parte delas não há sistemas de ônibus de trânsito rápido (BRT) ou de veículo leve sobre trilhos (VLT), os ônibus precisam dividir as ruas com os carros, o que causa um esgotamento da capacidade viária.

Soluções

Resolver a pendularidade no transporte significaria resolver uma série histórica de desigualdades sociais, o que não é realista. Entretanto, existem modos de diminuir os efeitos negativos da migração pendular.

Um deles seria abrir mais pontos de integração das linhas mais utilizadas. Isso faz que os passageiros possam escolher caminhos diferentes o quanto antes, desafogando as linhas mais utilizadas.

Integrar as linhas de ônibus e de diferentes modais pode ajudar a diminuir os efeitos negativos da pendularidade no transporte. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A integração de modais é outra saída apontada por especialistas. Quanto mais opções diferentes uma pessoa tem para chegar ao seu destino, menor é a chance de que outras façam o mesmo trajeto. Caso a integração de modais fosse uma opção viável para as populações de baixa renda, certamente novas rotas ganhariam destaque.

No segundo dia do evento Summit Mobilidade 2022, Carolina Guimarães, Head de Políticas Públicas e Pesquisa da 99, mostrou como o app de transporte 99 está suprindo a carência do transporte público ao ajudar populações periféricas a chegar às principais estações de metrô ou terminais de ônibus. A integração de modais por meio do aplicativo ajuda a reduzir o tempo gasto no transporte, sendo uma solução a se debater.

Quer saber mais? Confira aqui a opinião e a explicação de nossos parceiros especialistas em Mobilidade.

Fonte: Scielo, Mobilize, Mundo Educação, Endici, Plamurb, Estadão Summit Mobilidade.

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