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As relações entre covid-19 e os deslocamentos para o trabalho

A pandemia de coronavírus trouxe à tona muitos debates no âmbito da mobilidade urbana. Entre os assuntos que mais passaram a atrair a atenção de especialistas da área estão a segurança no transporte público e a desigualdade socioespacial. 

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Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), por exemplo, mapeou o risco de infecção por coronavírus entre trabalhadores de vários segmentos e apontou que profissionais de todas as áreas ligadas ao transporte têm 70% ou mais chances de contrair a doença.

Outras pesquisas têm mostrado também que há uma incidência maior de covid-19 em áreas periféricas do que em locais centrais. Esse foi um dos pontos analisados por um estudo da pesquisadora Raquel Rolnik, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).

Profissionais da área de transporte estão mais vulneráveis ao novo coronavírus, segundo um estudo. (Fonte: Alf Ribeiro / Shutterstock)

A pesquisa, realizada em parceria com o Instituto Pólis, analisou a cidade de São Paulo e sugeriu relações entre deslocamentos para o trabalho e a concentração de casos de coronavírus em vários bairros, como Cidade Ademar, Brasilândia, Sapopemba e Capão Redondo, com maior número de internações.

Segundo a pesquisadora, essas regiões são exatamente aquelas cujos moradores não têm condições de permanecer em casa durante a quarentena e precisam se deslocar de ônibus ou metrô para o trabalho. 

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“Os trabalhadores essenciais, das áreas da Saúde e de Abastecimento, ou aqueles que precisaram trabalhar para manter a renda, como é o caso de muitas diaristas, estão mais expostos ao risco de morte ou de serem infectados. E a maior parte desses trabalhadores é usuária do transporte público”, explicou Rolnik em publicação no site da Agência Fapesp.

Como foi feito o estudo?

Linhas com origem ou destino para várias regiões periféricas tiveram maior movimentação de passageiros. (Fonte: Alf Ribeiro / Shutterstock)

A pesquisa se baseou em dados do DataSUS sobre as áreas com concentração de moradores hospitalizados por covid-19 e da companhia de transportes São Paulo (SPTrans) sobre o carregamento dos ônibus no mesmo período. Também foram analisadas informações da Origem Destino referentes ao itinerário de viagens.

A partir da correlação entre esses dados, o estudo identificou que todas as linhas cuja origem ou destino eram os bairros de Capão Redondo, Jardim Ângela, Brasilândia, Cachoeirinha, Sapopemba, Iguatemi, Cidade Tiradentes, Itaquera e Cidade Ademar tiveram maior movimentação de passageiros durante a quarentena. 

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Embora não seja possível afirmar se o contágio ocorreu no percurso do transporte, no local de trabalho ou no local de moradia do trabalhador, o fato de muitos trabalhadores de bairros com altos índices de infecção precisarem se deslocar de transporte coletivo pode ter uma ligação com a concentração de casos nessas regiões — o que exige cuidados redobrados com relação às linhas em questão.

“Nessas linhas com maior concentração de pessoas, seria importante fazer adaptações para proteger os passageiros. Não falo apenas de equipamentos de proteção individual, como máscaras, ou do uso de álcool em gel e da necessidade de aumentar o número de ônibus para atender essas linhas específicas. Seria importante também aumentar o espaço dos terminais e pontos de ônibus com tendas, demarcações e espaços provisórios para as pessoas poderem manter o distanciamento necessário”, disse Rolnik.

Fonte: Agência Fapesp 

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