O encerramento dos debates do Estadão Summit Mobilidade Urbana 2021 contou com dois encontros que abordaram o compartilhamento de carros elétricos e analisaram o cenário brasileiro para o desenvolvimento da mobilidade urbana.
A programação do congresso, que é o maior e mais relevante evento do tema no Brasil, durou cinco dias de forma 100% online, gratuita e ao vivo.
Compartilhamento de carros elétricos
Depois de atuar dez anos no mercado de aluguel de bicicletas, o grupo Itaú Unibanco passou a desenvolver o Vec, programa piloto para ampliar o acesso a modelos de automóveis movidos a eletricidade no Brasil. O superintendente de Produtos e Canais Digitais do banco, Paulo André Domingos, afirma que o sistema está sendo desenvolvido a partir do aplicativo Bike Itaú, que oferece 14 mil bicicletas em sete cidades da América do Sul e agora permite retirar o veículo em uma estação e devolvê-lo em outra.
Por enquanto, apenas os funcionários da instituição podem utilizar quatro modelos em três estações nos polos Jabaquara, Faria Lima e Tatuapé, em São Paulo (SP), mas a partir de junho os testes serão expandidos. Até o fim do ano, a expectativa é que o serviço entre em operação em algum núcleo urbano brasileiro com tarifa aproximada aos preços pagos por corridas por aplicativos ou táxi.
Novo patamar da indústria automobilística
Entre os modelos que serão ofertados pelo Vec, está o Jaguar I-Pace, com autonomia de 400 quilômetros. O diretor de marketing da Jaguar Land Rover Brasil, Paulo Manzano, considera que a eletrificação na mobilidade é um caminho sem volta. Até 2030, a montadora planeja tornar 100% elétrica sua frota de veículos.
A estratégia de sustentabilidade da empresa passa também pela preocupação com o oferecimento de uma energia elétrica totalmente limpa. Por isso, para cada veículo elétrico vendido no Brasil, o grupo coloca o equivalente a oito anos de energia limpa na rede elétrica a partir de uma parceria com a Zeg, geradora de eletricidade sustentável.
Além das questões ambientais, os carros elétricos oferecem um novo patamar de experiência para a mobilidade urbana, pois já nascem conectados. Dessa forma, o veículo elétrico compartilhado permite gerar um hub de dados para subsidiar a otimização dos serviços de modais da cidade, segundo avalia Domingos.
Avanços na mobilidade urbana
O editor da Coluna do Estadão, Alberto Bombig, defendeu que as cidades enfrentam uma saturação do espaço urbano pelo automóvel e um acesso desigual às ruas. Para ele, o transporte coletivo urbano é caro em São Paulo e em outras cidades brasileiras, mas vem evoluindo com a agenda eleitoral em nível municipal.
A legislação municipal, que era quase toda pensada para o carro, precisa olhar para novas modalidades. Na última década, o Brasil viveu a organização de cobradores e motoristas que promoveram greves no transporte público; mais recentemente, outras categorias, como motoboys, motoristas de aplicativos e entregadores por delivery, também começaram a se organizar, segundo Bombig.
Oportunidades na pandemia
Para Adriana Fernandes, repórter e colunista de Economia & Negócios do Estadão, não houve planejamento de mobilidade para enfrentar a pandemia, mas o momento gera oportunidade de recuperação econômica a partir de um paradigma de sustentabilidade ambiental e social com uma mobilidade mais justa.
No âmbito federal, não há muita esperança no avanço de temas como energias alternativas e novas tecnologias de sustentabilidade, por isso a mobilidade urbana brasileira pode se desenvolver com base em redes regionais de fomento que operam com recursos financeiros internacionais.