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Mobilidade urbana: mulher deve estar no centro desse debate

Existe uma máxima na área do planejamento urbano: uma cidade pensada para os setores mais vulneráveis será acolhedora para todos. Essa mesma lógica se aplica às mulheres, principais usuárias do transporte público e quem mais sofre assédio dentro e fora dele.

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Por isso, neste 8 de março, data em que se celebram as conquistas das mulheres em torno de seus direitos fundamentais, vale a pena ponderar quais são as transformações urbanas que podem tornar o cotidiano delas mais democrático e seguro.

1. Ruas iluminadas com foco no pedestre

A iluminação tem impacto direto na mobilidade ativa. (Fonte: Luan Rezende/Shutterstock)

As mulheres são vítimas recorrentes de violência, assédio e outros problemas causados pelo machismo. Por isso, se para os homens ter ruas mais iluminadas é algo que causa conforto, bem-estar e mais segurança, para as mulheres isso ganha uma importância vital — em alguns casos, literalmente.

Segundo a Cidadeapé, entidade paulistana que discute a caminhabilidade, uma iluminação não pensada para os pedestres pode restringir o acesso à cidade. Ou seja, menos pessoas fazem uso da mobilidade ativa e o trajeto de quem não pode optar pelo uso de veículos automotores se torna ainda mais inseguro.

E esse público é, em grande medida, composto por mulheres. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), mais de 60% dos motoristas são homens.

2. Transporte coletivo seguro e acolhedor

O app Nina recebeu prêmios por pensar em soluções para a mobilidade de mulheres. (Fonte: Nina/Reprodução)

As mulheres são maioria na utilização do transporte coletivo, e aí entra outro problema: o número de casos de assédio dentro de ônibus e metrôs. Foi esse o ponto de partida da startup Nina, que facilita a realização de denúncias. 

Além de usuária de transporte coletivo, a criadora da tecnologia e pernambucana Simony Cesar é filha de uma cobradora de ônibus e estagiou na garagem de uma empresa de transportes. Assim, conheceu de perto os problemas que as mulheres sofrem em seu cotidiano.

Hoje, por meio das tecnologias do Nina, as mulheres que vivem em Fortaleza podem denunciar assédios pelo celular. A queixa é direcionada aos órgãos competentes, que usam a denúncia feita na palma da mão para buscar imagens de câmeras localizadas nos ônibus.

3. Calçadas funcionais para todos

Ter calçadas de boa qualidade é fundamental para que pessoas com mobilidade reduzida se locomovam. (Fonte: Massis/Shutterstock)

 As mulheres tendem a percorrer pequenas distâncias a pé, enfrentando dificuldades também para isso. O primeiro ponto se refere à caminhabilidade: a qualidade das calçadas é um desafio para qualquer pessoa, mas o risco de queda para mulheres grávidas, por exemplo, é sempre mais grave.

Além disso, como em geral a esfera do cuidado é centralizada na mulher na sociedade atual, é comum que as mulheres acessem a comunidade em que moram (mercado, unidade de saúde e outros locais da vizinhança) com crianças ou outras pessoas que dependem de atenção.

Portanto, se as calçadas são de má qualidade para um adulto com plena capacidade de mobilidade, podem ser simplesmente impraticáveis para quem precisa conduzir um carrinho de bebê ou uma cadeira de rodas.

É por isso que as soluções urbanas pensadas pelo prisma dos setores mais vulneráveis são capazes de englobar transformações gerais. Se as mulheres forem ouvidas no processo de planejamento urbano, bem como idosos, crianças e deficientes, a cidade será inclusiva para todos e todas.

Fontes: Summit Mobilidade, Auto Agora

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