A pandemia de coronavírus está transformando as relações sociais, os modelos de trabalho e o modo como as pessoas interagem com os espaços públicos. A mobilidade nos grandes centros urbanos já está sendo impactada pela crise do transporte coletivo e pela criação de soluções emergenciais que garantam o direito de ir e vir da população.
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Embora muitas transformações ainda estejam por vir, já é possível identificar uma série de transformações que ocorreram na mobilidade urbana nos últimos meses. Confira algumas delas.
Transporte coletivo
Desde abril de 2020, o número de passageiros do transporte coletivo caiu entre 50% e 90% em todo o mundo. Segundo um artigo do professor Luis Antonio Landau, diretor do Programa de Cidades do WRI Brasil, o sistema de transportes de São Francisco, nos Estados Unidos, está perdendo em média R$ 55 milhões por mês.
No Brasil, estima-se que a perda diária seja de R$ 1 bilhão, obrigando governos a intervirem no intuito de impedir a falência dos sistemas públicos de transporte.
Em artigo para o blog do repórter Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, Luis Saicali, country manager da Cabify no Brasil, cita números de uma pesquisa realizada pela empresa que indicam que 38% dos usuários brasileiros de transporte público estão evitando usá-lo por medo do contágio.
Os impactos do coronavírus na mobilidade urbana
A mesma pesquisa aponta que 76% dos passageiros pretendem reduzir ou não utilizar ônibus, trens e metrôs, enquanto 38% disseram que aumentarão o uso do carro particular.
Para tentar proteger os passageiros da doença, o uso de máscaras dentro dos coletivos já é obrigatório em quase todas as cidades do Brasil e do mundo. Em cidades como Madri, Buenos Aires, Wuhan e Salvador, imagens térmicas estão sendo usadas para mapear a temperatura corporal dos passageiros
Ruas abertas
Por causa da pandemia, várias cidades do mundo se viram obrigadas a acelerar os seus projetos de mobilidade e iniciar imediatamente a construção de novas vias para ciclistas e pedestres.
Segundo uma reportagem da emissora alemã Deutsche Welle, a cidade Bruxelas, na Bélgica, iniciou a primeira fase de suas medidas pós-confinamento em 4 de maio, expandindo em cerca de 40 quilômetros a sua rede ciclística. Em Londres, trabalhadores da área da saúde receberam acesso grátis temporário a bicicletas elétricas.
Em Milão, uma das cidades do norte da Itália mais atingidas pela pandemia, o plano é converter 35 quilômetros de ruas em mais espaço para ciclistas e pedestres, com limites de velocidade mais baixos, ciclovias e calçadas mais largas. No caso de Berlim e de outras cidades alemãs, depois que ciclovias mais largas começaram a aparecer, o governo federal proibiu os motoristas de estacionarem em ciclovias e tornou obrigatório o espaço de 1,5 metro entre carros e ciclistas.
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Uma reportagem do Diário de Notícias de Portugal também enumera as várias localidades europeias que implementaram mudanças nos seus projetos de mobilidade. Barcelona, considerada umas das melhores cidades do mundo para usar bicicleta, com mais de 300 quilômetros de ciclovias, pretende construir nos próximos dois meses outros 21 km para ciclistas e 12 km de vias para pedestres. Também faz parte do projeto reduzir a velocidade máxima dos automóveis para 30 km/h nas regiões mais movimentadas.
O Plano Vélo de Paris, que deveria ser concluído apenas em 2024, foi antecipado para o fim de 2021 para garantir à capital a construção de 650 quilômetros de vias exclusivas para bicicletas. Os parisienses vão receber ainda um incentivo de 50 euros para financiar a manutenção de suas bikes.
Lisboa também aprovou recentemente um plano semelhante ao da capital francesa. Os estudantes da cidade receberão uma verba de até 100 euros para a compra de uma bicicleta convencional. Os demais moradores receberão até 350 euros para adquirir bicicletas elétricas e até 500 euros no caso de bicicletas para transportar mercadorias.
Na América Latina
Bogotá, na Colômbia, abriu 117 quilômetros de novas ciclovias na cidade, seguindo a recomendação das organizações internacionais de saúde para que se limite o número de passageiros em circulação nas redes de transporte público.
No Brasil, Curitiba ampliou o sistema de circulação de pedestres e ciclistas, com a criação de novas ciclofaixas temporárias na região central da cidade. A prefeitura ainda planeja adicionar, até o fim do ano, mais 50 quilômetros de ciclofaixas aos 208 quilômetros já existentes.
Em Lima, no Peru, a prefeitura quer concluir em três meses a implementação de uma rede de ciclovias que estava prevista para terminar somente em 2025. No total, serão criados 301 quilômetros de vias temporárias, que vão passar gradualmente a definitivas.
Fontes: The City Fix, Deutsche Welle, Diário de Notícias, O Estado de S. Paulo, Prefeitura Municipal de Curitiba
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