A preservação das florestas é um dos principais desafios da atualidade. Segundo o relatório The State of the World’s Forests (Sofo) de 2018, a cada ano entre 6 milhões e 9 milhões de hectares de florestas são desmatados permanentemente e outros milhões de hectares são degradados. Isso equivale a perder uma área do tamanho da Dinamarca em florestas por ano. Apesar disso, 75% da biodiversidade terrestre mundial ainda vivem nessas áreas. E o futuro pode ser assustador se medidas não forem tomadas.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que, até 2050, a população mundial chegará a 9,1 bilhões de pessoas. Nesse nível, o mundo precisará produzir 50% a mais de alimento em relação ao que é produzido atualmente. Com as principais causas do desmatamento estando relacionadas à ampliação de área de pasto e de plantação de monoculturas, há grande chance de a sobrevivência das florestas estar em xeque.
Como o desmatamento afeta as cidades?
Apesar de o maior número de pessoas viver em centros urbanos afastados das florestas (no Brasil, quase 85% da população vive em cidades), o desmatamento é sentido por todos. A perda florestal é responsável por mais de 8% das emissões globais de efeito estufa, que potencializam o descontrole climático e geram ondas de calor ou frio intensos, enchentes e tempestades intensas. Fumaças de incêndios florestais e de poeira de áreas secas podem ser transportadas por quilômetros e afetar a respiração nas cidades, vitimando pessoas com a imunidade ou o sistema respiratório comprometidos.
O desmatamento também afeta o ciclo de chuvas, uma vez que impede o processo de evapotranspiração e a criação de rios voadores, que distribuem chuvas pelos continentes.
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Vantagens da preservação florestal dentro e fora das cidades
A conservação e a manutenção de florestas perto de áreas urbanas também geram uma série de benefícios. Plantar árvores em locais estratégicos na cidade pode diminuir o efeito das ilhas de calor e reduzir a temperatura em até 8°C, diminuindo em até 30% a necessidade de ar-condicionado.
Florestas urbanas e parques oferecem uma série de benefícios para a população das cidades. Além do aumento de áreas de lazer, contribuem para a diminuição da poluição do ar e sonora, ampliam áreas de convivência e ajudam a melhorar a qualidade de vida.
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As florestas ainda fornecem 33% da água potável do planeta e sua conservação em áreas de nascentes e de rios protege da poluição e aumenta a oferta de água nos centros urbanos. Florestas localizadas em perímetros urbanos também protegem contra enchentes e deslizamentos.
Ações de cidades sustentáveis
Algumas cidades têm tomado medidas para diminuir o desmatamento não apenas local, mas também global. É o caso de Nova York (Estados Unidos), em que o Conselho Municipal redigiu uma resolução conclamando empresas e governos distritais a se desvencilharem de indústrias agrícolas beneficiadas pelo desmatamento, não importando de onde sejam. A iniciativa ganhou fôlego e foi votada no Senado do Estado de Nova York, que gerencia um orçamento de US$ 210 bilhões, maior do que o produto interno bruto (PIB) de muitos países.
Se essas medidas forem aplicadas pelas principais cidades do mundo, a balança das commodities poderá mudar, e as empresas que não cumprirem os pactos ambientais podem ter dificuldade em encontrar mercados consumidores.
Outro movimento para garantir que os municípios sejam mais sustentáveis é a criação de projetos para incentivar a proteção de áreas nativas e seu replante, quando necessário. É isso que faz o projeto Cities4Forests, um movimento global que procura apoio político para preservar as florestas nas cidades.
Nove cidades brasileiras fazem parte do processo: Belo Horizonte (MG), Campinas (SP), Macapá (AP), Palmas (TO), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Salvador (BA), São Paulo (SP) e São Luís (MA).
Fonte: WRI Brasil, Iberdrola, Portal do Agronegócio, Ecycle, State of The World Forest.