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Como uma política habitacional sustentável ajuda a mobilidade urbana?

O Dia Mundial do Habitat é comemorado na primeira segunda-feira de outubro (3). A data comemorativa foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1986 para debater o direito à cidade. Em 2022, a celebração discute a redução das desigualdades, um tema que perpassa políticas habitacionais e mobilidade urbana.

Conheça a relação entre cidades sustentáveis e políticas para moradia e transporte.

Como a política habitacional contribui para a sustentabilidade?

Conjuntos habitacionais devem receber serviços públicos e privados para reduzir deslocamentos pendulares nas cidades. (Fonte: Alesp/Reprodução)

A cidade é um sistema complexo com vários agindo simultaneamente. Uma das principais dinâmicas da mobilidade urbana é o deslocamento pendular, aquele trajeto que as pessoas fazem diariamente de suas casas para a escola ou o trabalho. Nesse ponto, a localização dos imóveis residenciais e comerciais faz toda a diferença.

Para um transporte mais humano, eficiente e sustentável, o ideal é reduzir ao máximo esses deslocamentos. Com uma política habitacional que agrega casas, serviços públicos e privados, o cidadão não precisa percorrer longas distâncias para realizar as tarefas cotidianas, garantido mais sustentabilidade.

Os trajetos menores podem ser percorridos por pedestres e ciclistas. Até mesmo os deslocamentos usando o transporte público e coletivo ou o motorizado individual se tornam menores, contribuindo para menores emissão de gases de efeito estufa (GEE) e pressão sobre o tráfego, assim promovendo mais saúde e qualidade de vida.

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Espraiamento das cidades, moradia popular e transporte urbano

Ponte Roberto Marinho em São Paulo é símbolo do modelo rodoviário que sustenta espraiamento das cidades. (Fonte: José Antonio Teixeira/Alesp/Reprodução)

O geógrafo Milton Santos estudou o crescimento urbano na maior cidade brasileira, o que resultou no livro Metrópole Corporativa Fragmentada: O Caso de São Paulo (1990). “Metrópole de um país subdesenvolvido industrializado, São Paulo é, certamente, o melhor exemplo, no Terceiro Mundo, de uma situação de modernidade incompleta”, escreveu o geógrafo.

A especulação imobiliária expulsa as camadas mais pobres de zonas nobres para regiões distantes, um processo conhecido como gentrificação, criando um efeito de espraiamento da cidade. A construção de moradias populares em periferias sem infraestrutura pública e privada provoca um deslocamento mais demorado para o centro urbano.

Em 1984, 30% da população da região metropolitana de São Paulo vivia abaixo da linha da pobreza. Em 2021, mais de 4 milhões de pessoas, ou cerca de 20% dos moradores de 37 municípios metropolitanos, ainda está no grupo de pobreza extrema, segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Sustentabilidade na mobilidade urbana

Ruas Completas estão presentes em diversas cidades brasileiras, como Campo Grande (MS). (Fonte: Prefeitura Municipal de Campo Grande/MS/Reprodução)

As ações de sustentabilidade na mobilidade urbana não estão ligadas apenas à eletrificação dos motores de veículos. Descarbonizar o transporte envolve também reduzir os percursos e torná-los saudáveis. Um bairro completo e acessível, onde crianças, mulheres e idosos possam circular e ter as suas necessidades atendidas também reduz a poluição.

O conceito de Ruas Completas mostra como é possível uma cidade mais humana e para uma mobilidade urbana sustentável. Essas áreas proporcionam o acesso seguro e confortável para pedestres, ciclistas, motoristas e motociclistas, enquanto estimula o comércio local e a vida no bairro.

Os automóveis podem circular, no entanto, com velocidade reduzida, pois dividem espaço com motos e bicicletas. A rua conta com calçada de largura adequada para o trânsito de pedestres, com acessibilidade para crianças, gestantes, idosos e pessoas com deficiência (PCDs).

Fonte: Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Organização das Nações Unidas (ONU), SANTOS, Milton. “Metrópole Corporativa Fragmentada: o Caso de São Paulo”. Livraria Nobel, 1990., Fundação Getulio Vargas (FGV), WRI Brasil

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