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Cortes no transporte público dos EUA aprofundam desigualdades

A pandemia causou grandes perdas no transporte público dos Estados Unidos. A queda do número de passageiros nos principais sistemas urbanos chegou a 90%. Agências de transporte em todo o país perderam quase US$ 40 bilhões, superando em US$ 2 bilhões o déficit infligido pela crise financeira de 2008. 

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Por conta da receita reduzida com tarifas e subsídios, cidades como São Francisco cortaram metade de suas linhas de ônibus. Em Nova Orleans, onde 14% dos trabalhadores do transporte público tiveram resultados positivos para o coronavírus, a receita com tarifas caiu 45%. Chicago espera um déficit orçamentário de até US$ 1,5 bilhão no próximo ano.

Nesse contexto, muitos passageiros já estão enfrentando tempos de deslocamento mais longos, mais falhas no sistema e falta de distanciamento social. E quem mais sofre com isso são as populações marginalizadas. 

Como financiar o transporte coletivo no pós-pandemia?

Minorias representam 60% de todos os usuários de transporte público, de acordo com especialistas do segmento. Mais de 2,8 milhões de trabalhadores essenciais dependem do transporte público para chegar ao trabalho, segundo a análise de especialistas. Destes, 67% são pessoas negras ou latinas.

Pobres dependem mais do transporte coletivo

Minorias serão mais atingidas por cortes no sistema de transporte coletivo, mostram dados. (Fonte: Shutterstock)

Nos primeiros dias da pandemia, a análise da indústria mostrou que o número de passageiros brancos em sistemas de transporte público caiu de 40% para 22%. Enquanto isso, o número de passageiros negros aumentou de 24% para quase 38% dos usuários. 

A capacidade dos trabalhadores brancos e de classe média de trabalhar remotamente ou de usar mais facilmente um carro do que os residentes de baixa renda e minorias evidencia outra desigualdade sistêmica.

Estudo de cortes no transporte coletivo

Sistema de transporte público de Nova York pode entrar em colapso sem ajuda federal. (Fonte: Shutterstock)

Um estudo promovido pelo TransitCenter e o Center for Neighborhood Technology analisou o efeito de cortes de serviço em dez regiões dos Estados Unidos. Para a análise, foi utilizada a ferramenta AllTransit, com dados do censo populacional e informações sobre o transporte público.

A análise simulou um corte de serviço de 50% nos horários de pico e uma redução de 30% para operações em outros horários, refletindo a probabilidade de que a diminuição tentaria preservar algum serviço de dia inteiro.

Los Angeles estuda adotar tarifa zero no transporte coletivo

O levantamento concluiu que os cortes aprofundam a desigualdade social no País. Mais de 3 milhões de famílias e 1,4 milhão de trabalhadores perderiam o acesso ao transporte público. Negros e hispânicos estão entre as populações mais atingidas. 

Crise pode ser aprofundada

Quem também paga o preço dessa crise são os trabalhadores do setor. Um terço das agências de transporte público estão demitindo funcionários ou planejando licenças, de acordo com a American Public Transportation Association. 

Para conter o caos, uma ajuda emergencial de US$ 32 bilhões foi solicitada por 110 deputados federais ao governo federal, mas os recursos podem não chegar. Sem esse financiamento, a recuperação econômica dos EUA pode ser adiada, uma vez que muitos trabalhadores perderão o meio de transporte principal para chegar ao trabalho.

Fonte: Bloomberg, Transit Center, The New York Times, Streets Blog.

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